Pataniscas Satânicas

Pataniscas Satânicas

terça-feira, 29 de setembro de 2015

O Monge Louco - Parte II

Bem vindos à Parte II de O Monge Louco.

Grigori Rasputin, 1916
Na Parte I vimos como Grigori Rasputin, um sacerdote rural siberiano, subiu na escada social russa ao ponto de se infiltrar no seio da família Romanov, uma das mais antigas e poderosas dinastias reais da Europa.
O herdeiro da coroa, o Príncipe Alexei Romanov, sofria de Hemofilia, uma doença genética que lhe tinha sido passada através da mãe, a Tsaritsa Alexandra Feodorovna. A doença debilitante punha em risco a vida da criança, que frequentemente tinha crises extremamente dolorosas.

A sua mãe, desesperada, recorre a Rasputin, que por essa altura tinha ganho a reputação de Homem Santo capaz de curar pelo poder da Fé.
Inexplicavelmente, Rasputin consegue o que nenhum médico até então tinha conseguido fazer, e alivia as crises de febre e dor que frequentemente atormentavam o pequeno Alexei.

Ilustração Religiosa representando Rasputin e Alexei
Alexandra torna-se completamente dependente de Rasputin, vendo-o como salvador do filho, e recorre ao sacerdote para a aconselhar tanto em termos espirituais como de estado.

Esta proximidade, criticada por muitos, e por muitos motivos, não é alheia ao seu marido, o Tsar Nicholas Romanov II, Imperador Autocrata de toda a Rússia, que apesar de todo o seu poder, não consegue afastar Rasputin.

Rasputin e o casal Romanov, caricatura anónima de 1916
Em Outubro de 1912 os Romanov estavam de visita à Polónia, e longe de tudo. Durante uma viagem de carruagem atribulada, Alexei tem a sua pior crise de sempre, desenvolvendo uma violenta hemorragia na virilha esquerda.
A criança fica tão mal, a sua família convence-se tanto de que vai morrer, que lhe é feita a última unção, e são prestados os ritos fúnebres Ortodoxos.

Alexandra consegue enviar uma mensagem a Rasputin por intermédio de uma criada a pedir ajuda.
No dia seguinte Rasputin respondeu, enviando um telegrama com a mensagem profética:

"O pequeno não morrerá. Não permita que os médicos o incomodem demasiado."

No dia seguinte a febre baixou, e a tumefacção na virilha diminuiu.

Depois disto, Nicholas não tinha maneira de se livrar de Rasputin.
Pierre Gilliard, tutor das crianças, escreveu "Ele não gostava de enviar Rasputin embora, pois se Alexei morresse, aos olhos da sua mãe, ele teria sido o assassino do próprio filho."

Tsar Nicholas II
Entretanto a Primeira Guerra Mundial tinha estourado violentamente, o envolvimento das tropas russas na Frente Leste estava a ser particularmente desastroso.

O povo Russo punha as culpas do fracasso em "Forças Negras" ou em influências estrangeiras e espiões alemães. O sentimento anti-alemão era tão grande que o nome da cidade San Peterburg foi mudado para Petrograd
O público exigia que a Tsaritsa, que tinha raízes alemãs, fosse fechada num convento.

O poder e influência de Rasputin crescem de tal maneira que ele e Alexandra conseguem convencer Nicholas a abandonar a capital e ir comandar as tropas na Frente Leste, com o argumento que isso iria unificar a liderança e melhorar a moral das tropas.

Apesar de membros da família, conselheiros reais, generais, todos lhe recomendarem que não fosse, e apesar de não ter nenhuma experiência de comando militar, o Tsar Nicholas II parte para a Frente Leste em Agosto de 1915, deixando a Tsaritsa Alexandra a governar em seu lugar.

Tsaritsa Alexandra Feodorovna, 1916
Alexandra recorria a Rasputin para a aconselhar, e seguia as suas recomendações egoístas. A influência de Rasputin sobre a Tsaritsa tornou-se tão grande que era ele quem ordenava os destinos da Rússia Imperial, enquanto ela convencia o seu marido a cumpri-los.
Pierre Gilliard escreveu "os desejos dela eram interpretados por Rasputin, e pareciam aos olhos dela terem a sanção e autoridade de uma revelação".

A relação entre os dois era largamente, se bem que falsamente, publicitada como sendo de natureza sexual.
Cartoon Político de 1917 a ilustrar a influência de Rasputin sobre a Tsaritsa
Tudo isto porque Rasputin tinha o poder, aparentemente milagroso, de curar o pequeno Alexei das suas crises de Hemofilia.

Qual era, afinal, o segredo do poder de Rasputin?

Em 1897 cientistas a trabalharem na empresa farmacêutica Bayer tinham conseguido obter uma versão sintética do Ácido Salicílico, uma substância retirada da Casca de Salgueiro, conhecida desde a antiguidade como capaz de reduzir febres e dores.

Esta nova substância, o Ácido Acetilsalicílico, foi comercializado com o nome de Aspirina, e em 1899 a Bayer estava a vendê-lo pelo mundo todo.


Sempre que Alexei Romanov tinha mais uma das suas crises de Hemofilia, sofrendo de febre e dores horríveis, os médicos russos tratavam-no com Aspirina.

Na altura, devido ao desconhecimento científico tanto da Hemofilia como de todos os efeitos secundários da Aspirina, não era bem conhecido o seu efeito anti-coagulante.

A Aspirina agravava a Hemofilia de Alexei, prolongando as hemorragias e atrasando a recuperação das crises.

Quando Rasputin era chamado, mandava embora os médicos, e impedia que Alexei tomasse medicamentos, incluindo a Aspirina, o que levava à sua melhoria rápida e aparentemente milagrosa.


A influência de Rasputin é tão grande, que no fim de 1915, Alexandra e Rasputin estão a aconselhar o Tsar no que tocava a estratégias militares à volta de Riga, onde o exército alemão estava estacionado.

O ódio generalizado dirigido tanto pela população como pela classe política contra Rasputin e Alexandra enfraqueceriam irreparavelmente a imagem e poder da Família Imperial Romanov.

Na madrugada de Sábado, 17 de Dezembro de 1916, o Grande Duque Dmitri Pavlovich, membro da Família Real e primo de Nicholas II, Feliz Yusopov, aristocrata, e Vladimir Purishkevich, político ultra-nacionalista anti-bolchevique, assassinam Rasputin.


Yusopov convida Rasputin a uma festa na sua casa, e fica a fazer-lhe companhia enquanto os seus co-conspiradores esperam no andar de cima.

Yusopov serve a Rasputin vinho e bolos envenenados com cianeto.
Passada uma hora Rasputin está bêbado, mas aparentemente não afectado pelo cianeto.

Sem saber o que fazer, Yusopov inventa uma desculpa e sobe ao andar de cima, regressando com o revólver de Dmitri.
Dispara sobre Rasputin várias vezes, que cai redondo no chão.

Reprodução da cave em que Yusopov disparou sobre Rasputin
Os conspiradores reúnem-se de novo no andar de cima para celebrar e decidir o que fazer com o corpo.

Quando descem com um tapete para embrulhar o corpo, Rasputin não está onde o deixaram.
Em pânico, os assassinos notam a porta da rua aberta e descobrem Rasputin a fugir pela neve, noite dentro.

Purishkevich dispara sobre Rasputin de novo, que volta a cair na neve. 
Enquanto está a ser embrulhado, 20 minutos depois, o corpo estremece e os assassinos dão-lhe mais um tiro na cabeça.

O corpo é atirado ao Rio Malaya Nevka. De acordo com o mito, quando o corpo é autopsiado é encontrada água nos pulmões, indicando que Rasputin não teria morrido nem do cianeto, nem dos primeiros tiros, nem dos segundos, nem da bala na cabeça, mas ter-se-ia afogado.

Corpo de Rasputin

Em 1917, dois meses depois da morte de Rasputin, dá-se a Revolução de Fevereiro em Petrograd que resulta na implementação de um governo democraticamente eleito. 
O Tsar Nicholas II é obrigado a abdicar, marcando o fim não só do domínio da Dinastia Romanov, mas também o fim do Império Russo.

A família real Romanov é presa e exilada para Tobolsk na Sibéria. Meses depois o governo democrático é derrubado pelos Bolcheviques e em Abril de 1918 os Romanov são movidos mais uma vez para Yekaterinburg.

Na noite de 17 de Julho de 1918, sob ordens Bolcheviques, toda a família Romanov é assassinada a tiros de metralhadora, numa cave.

Cave onde os Romanov foram assassinados

Em 1981 a família Romanov foi canonizada como Santa pela Igreja Ortodoxa Russa.

Desde 1990 foram já feitas várias tentativas sérias de canonizar Grigori Rasputin.
Foram todas rejeitadas.

A Família Romanov, como Santos da Igreja Ortodoxa

E agora para finalizar temos o grupo musical de disco-pop, Boney M a interpretarem a canção tema deste post!

Uma salva de palmas para eles! 

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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Água em Marte!!!

Provaram a existência de água corrente em marte.

Água líquida, a correr livremente pela superfície de Marte!

As fotos de infra-vermelhos revelaram a presença de sais hidratados, nas encostas de vales, montanhas e crateras, que só surgem na presença de água.

Riscos escuros e estreitos chamados linhas de encosta recorrentes emanam das paredes da Cratera Garni, em Marte. Fotografia: Nasa/AFP/Getty Images
As fotos mostram esses fluxos de água que aumentam de tamanho no verão, e desaparecem no outono.



 Isto significa que é ainda mais provável encontrarmos indícios de vida passada ou presente, em Marte.

O que por sua vez teria implicações tremendas acerca da origem da vida na Terra.


Também é um passo na direcção da exploração espacial, e da eventual colonização de Marte.


Em números actualizados:
- o Orçamento da Defesa dos Estados Unidos da América em 2015 é de 598,5 de dólares.
- uma missão tripulada a Marte, com uma duração de 20 anos, custaria 100 biliões de dólares.


"The universe is probably littered with the one-planet graves of cultures which made the sensible economic decision that there's no good reason to go into space--each discovered, studied, and remembered by the ones who made the irrational decision." - Randall Munroe


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domingo, 27 de setembro de 2015

Deep Blue Sea

Desde sempre que me senti fascinado pelo mar, mas quanto é que sabemos ao certo sobre o que se passa lá? Ou quanto é que não sabemos? Vamos falar sobre isso.

Água. Muita.
Gosto da ideia de que o facto de termos dado o nome Terra ao nosso planeta é mais um indício do nosso antropocentrismo quando na realidade o planeta é maioritariamente mar.

Famosamente, 71% da superfície da Terra está coberta por água, e toda a água do planeta (incluindo a que está na atmosfera e dentro do nosso corpo) tem um volume de aproximadamente 1.386.000.000 km3 de água.

É muita água, e muita superfície que não nos é imediatamente acessível. Cerca de 361.132.000 km2 que não conhecemos bem.

Temos mapas do fundo dos mares, é verdade. Até nos orgulhamos deles!

Um dos mapas mais detalhados do fundo do mar. Pontos vermelhos são locais de terramotos, que marcam onde as placas tectónicas se estão a separar.
A resolução do mapa mais completo que temos é de cerca de 5km.
Ou seja, qualquer coisa com menos de 5km de tamanho, não seria detectável no mapa.

Cinco mil metros.

Podíamos perder Lisboa neste mapa!

A sonda espacial Magellan mapeou 98% da superfície de Vénus com uma resolução de 100 metros. Recentemente mapearam a totalidade da superfície da Lua com uma resolução de apenas 7 metros.

Mapa de Vénus
Também temos mapas com 7 metros de resolução do fundo dos oceanos, não se preocupem. Infelizmente só cerca 0,05% do fundo do mar é que foi mapeado com esse nível de exactidão, ou uma área igual à Tasmânia.

Ali. Ao canto.

Portanto podemos dizer que sabemos literalmente menos do fundo dos mares do que o que sabemos da superfície da Lua.

70,05% da superfície do Planeta Terra que não conhecemos com um detalhe melhor do que 5km.

Sabemos isto:

O fundo do mar começa com a Plataforma Continental que se afunda na Escarpa Continental, cuja inclinação começa a diminuir lentamente num declive chamado Elevação Continental. Esta finalmente acaba-se na Planície Abissal, que pode ser interrompida por uma Crista Oceânica.

Chamo-vos a atenção para as Planícies Abissais.

São planícies de sedimentos no fundo dos oceanos, habitualmente entre os 3000 e os 6000 metros de profundidade.
São quase perfeitamente planas e lisas (sim eu sei que estou a duplicar sinónimos, mas quero mesmo deixar claro quão perfeitamente achatadas são). Estas superfícies submarinas variam em profunidade apenas 10 a 100cm por quilómetro quadrado.

E são grandes!


Uma das maiores, a Planície de Sohm, tem uma extensão de 900 000 Km2. É uma área 10 vezes maior do que Portugal.

Imaginem.

Uma planície interminável, numa escuridão absoluta e interminável, debaixo de frio e pressão tremendos.
Com uma queda constante e lenta de Neve Marinha como uma das únicas fontes de energia.


Os seres vivos que habitam este lugar são verdadeiramente bizarros. Alienígenas.
Cerca de 2000 tipos diferentes de bactérias, 250 espécies de protozoários e 500 de invertebrados podem ser encontrados em qualquer planície abissal.







A energia é escassa, e para além da Neve Marinha, existem as Fontes Hidrotermais.

Em zonas vulcânicas, fissuras na crosta por onde se escapa água aquecida pelo calor geotérmico. A água sai destas chaminés profundas, a temperaturas que podem chegar aos 464ºC, está carregada de minerais inorgânicos complexos, e varia entre a acidez ou a alcalinidade extremas.

Estas fontes hidrotermais sustentam comunidades enormes de seres vivos, em ecossistemas que começam nas bactérias extremófilas que consomem o metano e o enxofre super-aquecidos que saem das fontes, acabando nas Minhocas Gigantes e uma data de animais sem pigmentos.

Estas fontes hidrotermais são uma das possíveis origens para a vida na Terra.



Comunidades mais bizarras ainda ocorrem num acontecimento chamado Whale Fall.

Quando uma baleia morre, a sua carcaça cai no fundo da Planície Abissal onde começa lentamente a atrair todo um conjunto enorme de criaturas que vêm comer a carcaça.



No fundo da planície abissal, uma única carcaça de baleia pode servir de base a todo um ecossistema, que pode sustentar-se durante quase 100 anos, até que todos os ossos sejam inteiramente digeridos.

Com tanto espaço para acontecer coisas, não admira que volta e meia encontremos coisas completamente inesperadas.

Comouma bolha gelatinosa que foi encontrada na costa da Turquia, e que se pensa ser um aglomerado de ovos de lulas.


E já que estamos a falar de lulas, já há séculos que suspeitamos da existência de lulas gigantes nas profundezas.

Ilustração de 1861
Ilustração de 1877
Estes monstros cheios de tentáculos que podem atingir comprimentos de 13m, só muito recentemente começaram a ser apanhados em vídeo, vivos, pela primeira vez.


Quem sabe que mais anda lá pelo fundo?

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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

The Stormwatch

Cold Fog.

The Chosen sits in the little row boat. His arms ache from rowing for almost an hour and his white tunic cannot seem to keep out the chill from the fog.

He shivers against his will, and the Elder sitting to his side seems not to notice. The grizzled Elder just keeps on rowing, unperturbed by the fact that his grey tunic is getting soaked with cold sea water.
In front of him, sitting on the prow, is the Wise Man. He faces the waves, beard frosted with ice. He chants prayers of protection, to calm the seas and ward off the Deep.
Two other Elders sit behind him, and chant to the rythm of his prayers. Neither of them seem to mind the cold.

The sea is the colour of lead. The sky brews heavy weather.

He is about to say something and damn his vow of silence, when he suddenly sees it.
Something in the fog. Something enormous behind the mists. Impossibly high, such that he needs to strain his neck up to see it.

A face.

A gigantic face, carved out of the black rock of an entire cliff side, with a raging mouth open in a furious but silent cry, turned towards the sea.

The fog is quickly clearing, and he can see a dozen other faces, carved into the cliff on either side of this one, fading into the distance. 
As they get closer, the Chosen one notices that all of the stone faces are different. Each has their own features, and were clearly sculpted to bear the semblance of a real person, certainly long since dead.

The tiny row boat seems even smaller as they reach the foot of the cliff, among the crashing waves. Almost miraculously they manage to land the boat without smashing it against the rocks, and the Chosen wonders if the Wise Man's prayers had anything to do with that.

He knows a dozen other boats should be reaching the cliffs by now, with a dozen other Chosen Ones in them, his brothers and sisters. He wonders if they made it safely.

All that's left now is the slow, grueling climb to the top.


After what seems like hours they reach the top of the cliff.
The Chosen feels pain all over his body, from the rowing and the climbing, but his mind is clear, almost exhilarated.

The wind is picking up now. The clouds are dark and heavy, and the Storm is almost upon them.
They quickly make their way to the edge of the cliff, the preparations must start soon.

On the top of the cliff, just above the enormous stone face, there is a circle of Standing Stones. Most of them are covered by moss, and all of them have deep etchings on their sides. The Stones seem almost older than the faces carved into the side of the cliff.

It starts raining as it gets darker. 

The Chosen takes his place in the center of the Stones, barefoot. 
The Wise Man and the Elders gather around him in a circle. The black clouds gather above them all.

As the Wise Man begins chanting once again. The Chosen shivers, this time from excitement.
The Elders join him, chanting lines in faint discord. The rising and falling of the hypnotic chant seems to grow with the swelling of the Storm. 
Or maybe it is the Storm that grows in tune with the chanting.

The wind and rain are at their full strength now and it seems as if they will be blown off the cliff at any moment. The clouds are roiling in their thick greyness, and it is almost pitch black.

The Chosen hardly feels the rain anymore, and to him it seems like the powerful chanting is coming from inside his head now.
He is vaguely aware of a deep rumbling groan coming from over the sea, as brilliant flashes of lightning strike the waves in the distance.

The Storm grows to an almost impossible violence, but not even the deafening thunder muffles the chanting in his head.


The Wise Man raises his hands to the sky, the Standing Stones around him begin to glow with energy.

The chanting rises as the Storm reaches its peak, and the Chosen screams.
And then it happens.

A pillar of light and energy burns through the dark clouds and strikes the Chosen.

As the lightning courses through his body he feels almost no pain, but the power surging in him is nearly unbearable.
The gigantic face carved on the side of the cliff becomes illuminated from within, it's eyes and open mouth glowing.

As the Chosen's scream and the roar of thunder become indistinguishable, a powerful blast of energy shoots from the raging mouth in the cliffside and into the distance, into the Storm.

Simultaneously, the other carved faces in the distance also shoot beams of white energy into the blackness of the Storm. 

The horizon lights up with the lightning beams. An agonized roar can be heard over the thunder and wind, and a gigantic mass in the darkness appears to writhe in pain and slowly sink into the ocean.

The Deep is held back, once again.

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terça-feira, 22 de setembro de 2015

O Monge Louco - Parte I

Vindo das geladas estepes Siberianas, chegou o Monge Louco.


Grigori Rasputin era um strannik, um viajante religioso, analfabeto, que deambulava de vila em vila a pregar num dialecto siberiano quase incompreensível.
Era membro dos Khlysts, um secto obscuro da Igreja Ortodoxa Russa, que acreditava que para se obter o total perdão divino era preciso primeiro pecar totalmente.

O seu olhar era intenso, a sua voz inesquecível, e a sua perspicácia psicológica e interpretações da bíblia deslumbravam e cativavam os que o ouviam.


Nos primeiros anos do Séc. 20, San Petersburg era uma cidade convulsionada por faltas de energia, greves nacionais de transportes, revoluções, massacres, e guerras.

O Tsar Nicholas II, Imperador Russo, é obrigado a ceder parte do seu poder à Duma Imperial, uma espécie de Assembleia Legislativa.
Ao mesmo tempo a Classe Aristocrata estava a desligar-se da Igreja Ortodoxa e a procurar outras formas de espiritualidade e fé, incluindo o misticismo e o ocultismo.

Rasputin chega à cidade em 1903 e rapidamente se torna popular nos círculos aristocráticos. Era inicialmente encarado como uma curiosidade, com o seu sotaque cerrado e falta de maneiras polidas, mas começa a ganhar seguidores religiosos e apoiantes cada vez mais poderosos.


A sua presença em San Petersburg é convulsiva. Rasputin era conhecido por estar constantemente bêbedo, bebendo 12 garrafas de vinho antes do almoço.
Os jornais frequentemente tinham notícias sobre o escândalo mais recente causado por Rasputin.
É famoso o incidente no qual, bêbedo num restaurante, terá baixado as calças e abanado o pénis contra as outras pessoas do restaurante.

Pénis esse que era tão grande que está guardado num museu. (tem a CERTEZA que quer carregar nesse link?)

Corriam rumores que, de acordo com as suas crenças religiosas baseadas na necessidade de pecar para depois obter o perdão, Rasputin organizava frequentemente orgias com as mulheres da nobreza que pertenciam ao seu culto.


Rasputin torna-se tão popular, ascende tanto na hierarquia social russa, que em 1 de Novembro de 1905 é apresentado ao Tsar Nicholas II, Imperador e Autocrata de Todas as Rússias, e à sua esposa, a Tsaritsa Alexandra Feodorovna, nascida na Alemanha.


É preciso fazer notar que, contrariamente à ideia que se tem dos casamentos reais, e das famílias reais da altura, Nicholas e Alexandra estavam verdadeiramente apaixonados um pelo outro, como o demonstram as centenas de cartas que trocaram entre si, e eram verdadeiramente devotos aos seus filhos, investindo pessoalmente na sua educação e bem-estar.


Esta família real guardava um segredo.

O pequeno Alexei Nikolaevich, o único filho do casal, o mais novo, e o futuro Imperador Russo, sofria de Hemofilia.

A Hemofilia é uma doença que impede a capacidade natural do corpo de coagular feridas e parar hemorragias. Antes de 1960, quando tratamentos eficazes começaram a ser descobertos, a esperança média de vida dos que sofriam de Hemofilia era de apenas 11 anos.

Alexei sofria de uma variante mais rara da doença, que era também mais severa.
Tinha frequentemente inchaços extremamente dolorosos e debilitantes nos joelhos, cotovelos, virilhas, etc, que correspondiam a hemorragias dentro dos tecidos, que demoravam imenso tempo a passar.
Qualquer pancada, qualquer brincadeira, qualquer nariz a sangrar ou nódoa negra podia matar o herdeiro da coroa.





Alexei era uma criança sequestrada na sua casa, doente, sempre à beira da morte. A sua mãe, Alexandra, vivia obcecada com a sua saúde e protecção. A vida da família girava em torno da saúde da criança.

Pierre Gilliard, o tutor das crianças escreveu "Alexei era o centro de uma família unida, o foco de todas as suas esperanças e afectos. As suas irmãs adoravam-no. Era a alegria e orgulho dos seus pais. Quando estava saudável, o palácio transformava-se. Tudo e todos pareciam cheios de luz do Sol"


Alexandra carregava um segredo ainda maior: tinha sido ela a passar a doença ao seu filho.

Alexandra era neta da Raínha Victoria, Raínha do Reino Unido, Grã Bretanha e Irlanda. A Rainha Victoria teve 9 filhos que se casaram com outras famílias nobres do continente Europeu, o que lhe valeu a alcunha de a "Avó da Europa".
A Rainha Victoria era portadora do gene recessivo ligado ao X causador da Hemofilia. Isso significa que as mulheres da sua família eram portadoras assintomáticas da doença, mas os homens tinham a hipótese de sofrer da doença.

Raínha Victoria

A Tsaritsa Alexandra era portadora do gene, e carregava a culpa de ter sido a origem da doença que podia matar o filho que amava. Para o povo russo seria intolerável que a Tsaritsa, alemã de nascença, tivesse passado ao Herdeiro da Coroa Imperial a "Doença Inglesa".

Obcecada por proteger o filho, Alexandra recorreu aos médicos russos. Os seus tratamentos falhavam, dado que na altura a doença não tinha tratamento conhecido. Virou-se depois para a religião, aprendendo todos os rituais Ortodoxos e passando horas na capela privada da família, a rezar pela salvação do filho.

Nada funcionava.

Alexandra com o filho, Alexei
Finalmente, desesperada, começou a recorrer a místicos e curandeiros.

Rasputin, por essa altura, tinha ganho a fama de ser um Santo, por ter o poder de curar pela fé.

Em Março de 1907, depois de dois meses nos quais Alexandra tinha tido de chamar os médicos quarenta e duas vezes, Rasputin é convocado ao palácio real.
Rasputin passa várias horas a rezar por Alexei, apesar de todas as previsões dos médicos de que o rapaz iria morrer.

No dia seguinte, milagrosamente, o Tsarevitch Alexei demonstra melhorias significativas.

Desta forma, Rasputin passa a fazer parte da família.
Sempre que Alexei se magoava e tinha uma das suas crises, o que era frequente, Rasputin era chamado ao palácio real. Fechava-se com a criança, rezava durante longas horas, e o rapaz ficava melhor. Sem dores.


Pelo seu carisma e influência, Rasputin torna-se confidente pessoal da Tsaritsa Alexandra, aconselhando-a tanto em assuntos místicos do oculto, como de governação política.

Esta intimidade foi criticada tanto pela Igreja, que denunciava Rasputin como uma fraude e um herege, e pela classe política que temia a sua influência política.

Mesmo depois de o Director da Polícia Nacional ter informado Alexandra que Rasputin, bêbedo, se gabava de que o Tsar o deixava "cobrir" a sua mulher sempre que ele quisesse, Alexandra defendeu-o dizendo "Os Santos são sempre caluniados. Eles odeiam-no porque nós o amamos."

Nicholas não era alheio a isto, mas mesmo ele tinha dificuldade em afastar durante muito tempo o homem que aparentemente salvava a vida do seu filho.

Descubra o segredo do poder de Rasputin, e as consequências da sua influência no Império Russo na Parte II de O Monge Louco.

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