''The future isn't what it used to be.''
- Paul Valery
Gosto de histórias de ficção científica. Histórias sobre como a vida seria caso a civilização fosse mais avançada, tecnologicamente. Essas histórias nascem do cruzamento entre o fascínio humano com o que a técnica pode um dia vir a ser, e o conflito que os novos problemas éticos/morais/sociais levantam com essas novas possibilidades.- Paul Valery
Se tecnologia nos permite fazer coisas novas, vamos ter que nos perguntar e debater se devemos fazer essas coisas. Pensem na clonagem de pessoas, por exemplo.
É interessante que se o passado é indicação de alguma coisa, podemos dizer que o fututo que nos vai bater à porta, vai trazer brinquedos tecnologicamente avançados para os adolescentes usarem durante o jantar, em vez de falarem com os seus parentes.
Esse futuro que irá bater à porta vai também deixar um saco de papel em chamas para nós pisarmos, cheio de problemas sociais/éticos/morais. E problemas práticos, directamente relacionados com a nossa sobrevivência enquanto espécie.
Sei lá... pensem na guerra nuclear há 30 anos... e no aquecimento global actualmente.
Ergo, o futuro é ficção científica. Ou melhor, é ''não-ficção científica''. O H. G. Wells só conseguiu vender livros porque ninguém sabe qual vai ser a narrativa dessa ''não-ficção científica''.
Assim, a ficção científica passa muito pelas nossas esperanças acerca do que o futuro pode trazer.
E pelos nossos medos.
Seja como for, imaginamos um futuro feito à nossa imagem. Desde o fim da pobreza e da fome, até ao fim das liberdades individuais e ao esgotamento dos recursos naturais. Há pessoas que acham que vai começar a 3ª guerra mundial. Eu acho que é porque estão habituadas a trilogias cinematográficas. E profetizam que o terceiro filme vai ser o pior, e desiludir imenso os fãs.
Os pólos deste espectro antropomórfico são muito parecidos com projecções emocionais nossas. Por um lado temos medo do futuro, por outro, se as coisas vão melhorar, não vai ser ontem.
Todos nós somos pessimistas e optimistas, em proporções variáveis, em alturas diferentes.
Outra coisa: Estão a ver esta imagem acerca de um futuro?
Não é fixe? Uma cidade saída do Blade Runner? Ou esta?
Um paraíso verde auto sustentável.
Estes são os nossos futuros distante. A ideia que nós temos, decalcada na nossa consciência colectiva, do que pode vir a ser, um dia. Estas imagens fazem-nos sonhar, e têm uma ressonância emocional muito própria.
E estas?
Bem, nem tanto. São do inicio do século 20. Como é que vos fazem sentir? Provavelmente da mesma maneira que as nossas imagens vão fazer sentir alguém de uma próxima geração, daqui a 100 anos. Cada geração tem o seu próprio futuro distante, com uma ressonância emocional própria.
Então o que vai ser o futuro? Carreguem neste link para descobrirem!
Não sei o que vai ser. Mas sei o que já é.
A verdade é que se eu viajasse para o passado e mostrasse o meu smartphone a mim próprio, 20 anos mais novo, provavelmente o eu do passado acharia que se tratava de um espelho pequenino, que pertencia a um senhor chamado 'samsung'.
Isto antes de ir para a mesa do telefone, ligar à minha avó, numa coisa destas:
Esperam-se coisas interessantes nos próximos 10 anos.
De acordo com a lei de Moore, a capacidade de processamento dos computadores vai igualar a humana, por volta de 2025. Avanços recentes em 'computação quântica', podem fazer com que isto aconteça ainda mais cedo. A Google está a trabalhar com a NASA num computador cerca de 100 milhões de vezes mais rápido que o vulgar PC de secretária.
Ao ler estas coisas, vem-me à memória uma frase batida:
'Any sufficiently advanced technology is indistinguishable from magic.'
- Arthur C Clarke
Para mim, um computador a funcionar a essa velocidade é magia. Não faço ideia de como é que isso vai ter impacto na nossa vida. Mas provavelmente vai ter. Hoje, eu sou o miúdo a olhar para o espelhinho fosco do senhor 'samsung'.
Entretanto, outro truque de magia em desenvolvimento, chama-se ''deep learning''.
Aparentemente, é uma maneira de um computador simular a capacidade de aprendizagem do cérebro humano, criando uma série de interligações e camadas abstractas, de complexidades crescente. Este truque de magia, tem potencial para permitir ao computador 'aprender' coisas.
É aprender o conceito de cara.
Este vídeo descreve o processo.
O último truque de magia que tenho no saco chama-se 'cloud robotics'. Será uma 'nuvem' que permite uma interligação entre computadores e robots/terminais. Os robots vão poder usar os recursos dessa nuvem, para operarem nos vários ambientes.
Um exemplo: os carros automáticos desenvolvidos pela Google, que tiram partido dos mapas, informação dos satélites, os dados do 'google earth' (streetview), e integram essa informação nos dados do GPS, câmaras e sensores 3D do carro. Essa informação está depois disponível para todos os outros carros, melhorando a performance de todos em conjunto.
Com tantos brinquedos novos, há pessoas que afirmam que pode estar a começar uma ''explosão cambriana da tecnologia''.
A explosão cambriana (no contexto da geologia/biologia) foi um evento desconhecido, há meio bilião de anos, que levou a uma diversificação intensa da vida biológica, e ao aparecimento da maior parte dos antepassados dos animais modernos. Antes da explosão cambriana, a vida na terra era quase toda unicelular, organizada em colónias.
Ninguém sabe o que levou à explosão cambriana. Mas sabemos que levou eventualmente a macacos inteligentes que dão palpites sobre o futuro, e gostam de histórias de ficção científica.
Agora falta perceber: onde é que a explosão cambriana da tecnologia deixa os macacos que gostam de dar palpites sobre o futuro, e de histórias de ficção científica...
Leiam mais palpites sobre isto na segunda parte do artigo:
''O futuro não é o que costumava ser - O fim do emprego''!