Pataniscas Satânicas

Pataniscas Satânicas

segunda-feira, 14 de março de 2011

Obsoleto

Costumo dizer que a minha é uma geração privilegiada (não deixamos de ser a geração à rasca, estou a falar de uma coisa diferente).

Eu, e os outros como eu, que nasceram na década de '80, vimos o surgimento dos computadores. Somos a última geração que poderá lembrar-se de uma altura em que não havia computadores em casa!

Crescemos com computadores, aprendemos a linguagem dos computadores.
E por linguagem não digo necessariamente programação, que é outro bicho completamente diferente. Digo saber mexer num computador, perceber se um problema vem da falta de RAM, ou de um programa mal instalado, só pela maneira como o computador se comporta.
É como aprender línguas estrangeiras ou música. Ou se aprende desde uma idade precoce e fica realmente integrada, ou nunca será mais que colado com cuspo no córtex pré-frontal.



É por isso que os nossos pais (ou qualquer geração anterior à nossa) tem imensa dificuldade em lidar com computadores.
Nunca aprenderam a linguagem de computadores, e tudo o que sabem foi decorado foneticamente, por assim dizer.
Imensas, imensas vezes uma tia minha, ou o meu pai, ou a minha mãe, vêm pedir-me para lhes ensinar a apagar as mensagens do telemóvel 3310, ou abrir o e-mail, ou pôr imagens no Word. Eu também não sei como se faz! Mas ando por ali a mexer e chego a uma solução.
Digo-lhes "é intuitivo!!!" mas só é intuitivo para mim, que aprendi a linguagem. Para eles é uma barreira intransponível.

Eu pensava que isto não ia mudar. Pensava que era privilegiado, e que nunca ia deixar de perceber intuitivamente de computadores.

Ah, the folly of youth...



Uma amiga minha arranjou um iPod Touch, e tinha aquilo cheio de aplicações, e queria livrar-se de algumas.
Andei eu, com ela, a vermos as definições to iPod, a tentar descobrir como se apagavam as apps, mas sem nenhum tipo de sucesso.
Finalmente desistimos, fomos ao google procurar como se fazia.

Encontrámos o seguinte.

Carrega-se no icon da aplicação, segura-se o dedo, e aparece uma cruzinha para apagar.
Tão simples como isso.

Qualquer puto de 15 anos teria lá chegado "intuitivamente".
Eu não cheguei lá. Fui ultrapassado.

Estou obsoleto.

Estou velho...

2 comentários:

  1. Pois é! o tempo apanha-nos a todos... ainda assim, acho que prefiro isso a começar a excrever td axim, de extilo fofo, e a ouvir as just girls, e a ver os morangos, ou lá o que é os jovens vêem agora! Acho que a técnica testada pelo tempo é envelhecer a dizer mal de tudo do que os jovens fazem. e que eles estão perdidos. Porque estão! Toda a gente sabe. Agora vou acabr o meu jogo de gamão, porque está a começar o Preço Certo na RTP, e tenho que ir adiantando o jantarinho, se quiser ver o Malato à noite. Passe bem.

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  2. De facto, se algum dia eu enviar uma mensagem para onde quer que seja que acabe com "enviado do meu iPhone" podem dar-me uma marretada na cabeça. Modernidade sim, mas escusamos de ser labregos.

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