Pataniscas Satânicas

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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Homofobia e o Papão

Cada vez que vejo que há pessoas genuinamente homofóbicas fico razoavelmente divertido.

É divertido de se testemunhar no mesmo sentido que era engraçado ver o racismo casual e semi-inocente da minha avó de 80 anos.
É um artefacto, um fóssil vivo de idades passadas. Já ninguém fala como a minha avó falava dos pretos
É chocante e antropologicamente fascinante ao mesmo tempo.



É isso que sinto em relação a pessoas homofóbicas. São estúpidas, e eu tenho sempre uma curiosidade mórbida em ver até onde chega a estupidez das pessoas.
Dou-lhes trela, não os critico. É uma homofobia quasi-inocente, com poucas consequências.
É como ver macacos a tirarem macacos do nariz.

Mas é fácil esquecer, ao olhar para os risíveis homofóbicos mongolóides, que o comportamento deles é motivado pelo Papão.
Porque o papão aparentemente não gosta que andem por aí tipos másculos a acariciarem-se mutuamente. É feio!

Costuma surgir a discussão (não faço sequer ideia como é que ainda há pessoas que sentem que esta é uma discussão que vale a pena ter) sobre se se nasce homossexual ou se a homossexualidade é uma escolha.



Porque era chato admitir que se pode nascer homossexual, porque nesse caso era o próprio Papão que estava a criar homossexuais, e o Papão nunca se pode contradizer.

Não, a homossexualidade, é uma escolha, balbuciam eles. Claramente aquele homem decidiu introduzir o seu pénis no esfíncter anal daquele outro homem. Foi uma escolha, uma decisão propositada e provavelmente premeditada.

As pessoas que têm dois dedos de testa replicam que não é sequer esse o cerne da discussão. Da mesma maneira que uma pessoa nasce a gostar da genitália do sexo oposto, há quem se interesse por genitália parecida à sua. É intrínseco e imutável.


Mas este argumento tem uma falha. Parte de uma suposição errada, que o deixa vácuo de sentido.
Este argumento assume que os homofóbicos são mais movidos pela estupidez do que pelo Papão.
Assume que os atrasados mentais não conseguiram perceber que os homossexuais já nascem daquela maneira e que por isso presumem que qualquer coisa em contrário só pode partir de uma escolha.

Não não. Os homofóbicos não têm problemas com que alguém nasça homossexual, isso é de somenos importância.

Mas que decidam agir de acordo com essa orientação sexual? Ah isso é que o Papão proibiu especificamente!


Os homofóbicos sabem que os homossexuais não podem simplesmente escolher ter interesses diferentes. Sabem-no perfeitamente. Mas também sabem que os homossexuais podem escolher fingir, e reprimir-se e abafar-se e não deixar transparecer que são quem são.

Qualquer comportamento é uma escolha.
Eu escolho levantar-me e ir trabalhar e ser simpático. É um comportamento que eu detesto, que remédio tenho eu senão comportar-me assim.

Os homofóbicos não se importam realmente que para os homossexuais seja doloroso reprimir-se. Ou se calhar até se importam.
Mas mais importante que isso é não desobedecer ao Papão!
Se é preciso sofrer para não desobedecer ao Papão, então que assim seja.

Os homofóbicos dirão aos homossexuais para se esconderem, mostram-lhes que independentemente do que sintam, não podem é demonstrar a sua homossexualidade, porque isso é mau.


E os homossexuais de facto decidem expressar-se naturalmente.
Decidem não se reprimir e escolhem ser quem são.

É uma escolha, e é essa escolha que irrita os homofóbicos.
Porque é uma escolha a favor do próprio e não do Papão.
Porque é uma escolha que vai directamente contra a vontade do Papão.

E isso é mau. É perigoso.

É por isso que os homofóbicos não são só estúpidos, também são más pessoas.

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