Pataniscas Satânicas

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terça-feira, 14 de junho de 2016

Beleza Renascentista e Robots Imortais

Belezas renascentistas? Desigualdade económica? Influência genética da pobreza? Robots zombies?

Vamos falar sobre isso.


Já repararam como os padrões de beleza mudam ao longo do tempo?

Toda a gente sabe que no renascentismo o ideal de beleza eram as mulheres e os homens com alguma gordura.

Venus, um Organista e um Cão Pequeno - Tiziano, 1550
Nascimento da Vénus - Boticelli, 1480
Toda a gente sabe que actualmente (até já foi mais) a magreza e os músculos tonificados são o novo padrão de beleza.

Kate Moss - circa 1990
Brad Pitt - Circa 1990
Porquê? Porque é que mudou?

Um dos princiais factores, como sempre, tem a ver com a abundância ou escassez de recursos.

No renascentismo e idade média a desnutrição era extremamente comum. Quase toda a gente era magrinha (desnutrida).

A gordura era razoavelmente rara, e só os mais ricos é que se podiam dar ao luxo de engordar.

A raridade da gordura mais a sua associação a um estatuto social mais elevado tornaram-na desejável e atraente.


Aconteceu uma coisa semelhante com o bronzeado. Na idade média e renascentismo a pele pálida e branca era considerada atraente e a pele bronzeada era considerada pouco atraente porque as únicas pessoas que se bronzeavam era os trabalhadores rurais ou os selvagens das terras conquistadas, enquanto que os homens e mulheres nobres ficavam em casa protegidos do calor.

Só no fim do século 19, quando ir à praia começa a tornar-se uma coisa popular é que a pele bronzeada começa (lentamente) a ser considerada uma coisa atraente.
As pessoas ricas tinham tempo e dinheiro para fazer férias de praia, enquanto que os trabalhadores ficavam presos em fábricas todo o dia.



Actualmente o padrão de beleza são os thigh-gaps e os six-packs



O que acontece é que actualmente a comida saudável é mais cara.

Vejam este estudo do Departamento da Agricultura dos Estados Unidos, no qual eles provam que a comida saudável quando medida em dólares/caloria é mais cara do que a comida menos saudável.

(os dólares/caloria é o que importa, porque no fim do dia o que determina se somos gordos ou magros é a quantidade de calorias que ingerimos, e a comida com menos densidade calórica é a mais saudável)

Para além do custo da comida saudável ser mais elevado, a comida saudável tem de ser cozinhada, o que implica tempo.

É mais rápido, e barato, comprar McDonalds ou cozer um tacho de esparguete.


Isto faz com que actualmente só os ricos tenham dinheiro e tempo para comprar comida saudável e cozinhá-la. São os ricos que têm dinheiro e tempo para não trabalhar e ir fazer exercício.

A magreza torna-se desejável e atraente porque, para além de se ter tornado uma coisa rara, tornou-se também um indicador de de estatuto social.

Podem pensar que isto sou eu a exagerar, mas há imensos estudos que correlacionam fortemente a pobreza com a obesidade, sobretudo a obesidade infantil.


Isto faz com que, sistematicamente, as pessoas pobres sejam menos saudáveis e vivam menos anos, e a Diabetes (uma doença fortemente relacionada com comida caloricamente densa, que é a mais barata) começa a tornar-se uma epidemia mundial.

Portanto, os ricos têm mais saúde e vivem mais tempo, os pobres têm menos saúde e vivem menos tempo.

Esta situação de desigualdade não é nenhuma novidade, e só tem tendência para se agravar ainda mais, por um lado porque quem tem mais tempo para estar vivo tem mais tempo para acumular mais dinheiro.

Por outro lado um estudo do CDC do ano passado demonstrou que a pobreza está directamente correlacionada com o stress psicológico (não que precisássemos de um estudo para mostrar isto).

Mais perverso ainda é o efeito que a pobreza não só altera a cognição das pessoas tornando-as menos capazes de resolver os seus problemas, como também é capaz de alterar a própria genética das pessoas pobres tornando-as mais propensas a doença mental e depressão, alterações essas que se podem passar de geração em geração, tornando cada vez mais improvável a saída da pobreza.


Esta disparidade económica entre ricos e pobres não vai parar aqui, como é óbvio.

A saúde, e o acesso à saúde, vão continuar a sofrer desigualdades enormes, com um aumento progressivo da esperança de vida média dos ricos.

Quando as próteses cibernéticas ultra-avançadas finalmente entrarem no mercado, quem é que acham que vai ter dinheiro para as comprar?

Quando finalmente conseguirem acercar com o CRISPR e a edição genética, quem é que acham que vai conseguir pagar para ver o seu cancro curado e ter crianças geneticamente perfeitas?

Quando for possível fazer upload da nossa consciência para um computador, efectivamente tornando-nos imortais, quem é que acham que vão ser os primeiros a usufruir disso?

Entretanto as classes médias/baixas vão continuar a tornar-se mais gordas, mais dependentes, mais mentalmente doentes, e com uma esperança média de vida cada vez menor, incapazes de sequer viver tempo suficiente para montarem qualquer tipo de resistência contra a elite económica e tecnológica.

No futuro seremos todos controlados por Liches tecnológicos que dominarão a humanidade em dinastias imortais!!!

...

espera lá, estávamos a falar do quê?

1 comentário:

  1. isto é uma premissa muito boa para um filme de terror/ficção científica, sobre uma sociedade distópica, governada por uma oligarquia de banqueiros zombies/ciborgs!

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