Sal no cérebro? A Consciência é uma coisa física? As moléculas que mandam na nossa cabeça?
Vamos falar sobre isso
Já alguma vez se sentiu triste?
E feliz?
E feliz?
São emoções complexas, difíceis de definir sem ser em termos polarizados de "bom" e "mau". São provocadas por um conjunto igualmente difícil de contabilizar de factores, passando pela nossa infância, as nossas relações inter-pessoais, a nossa situação social, laboral e económica, incluindo aquilo que comemos (ou não) ao pequeno-almoço.
É compreensível que estas emoções sejam entendidas como coisas abstractas, que não existem propriamente num mundo físico, atingível.
É por isso que para muita gente os anti-depressivos e outros psico-fármacos pareçam funcionar como por magia, e induzam tanta desconfiança.
Esta noção deriva do nosso próprio desconhecimento de como funciona a consciência humana.
No geral, continuamos a sentir que a consciência é uma coisa etérea e muito abstracta, que anda a flutuar vagamente relacionada com o nosso cérebro.
Porque se perguntarmos "Onde é que está aquele pensamento sobre patinhos?" não podemos simplesmente apontar para o cérebro e dizer "Está ali!".
Essa pergunta não faz sentido da mesma maneira que não faz sentido apontar para a placa electrónica de uma calculadora e perguntar "Onde é que está o cálculo 2+2=4?".
Está em todo o lado e não está em nenhum.
Porque a consciência é uma qualidade emergente de sistemas extremamente complexos. É maior do que a soma das suas partes. Mas a verdade é que a consciência continua a basear-se em coisas tão concretas, mecânicas e palpáveis como moléculas.
Só para dar um exemplo simples um dos elementos mais fundamentais para a condução impulsos nervosos é o sódio.
Sim, a mesma coisa que pomos em cima das batatas fritas é também uma das moléculas mais fundamentais para o funcionamento da nossa consciência.
Às moléculas que modulam e transmitem informação entre neurónios chamamos neurotransmissores. São moléculas complexas, e conhecemos bem várias delas.
Algumas das mais importantes (que conhecemos) são o Glutamato, o GABA, a Dopamina, a Epinefrina, a Serotonina, a Acetilcolina e as Endorfinas, entre outras.
Se alguma vez se sentiu triste, feliz, zangado, excitado ou desmotivado, isso provavelmente estava relacionado com alguma destas moléculas.
E o que é mais fascinante, e prova definitiva de que a nossa consciência é uma coisa física, é que podemos alterar a consciência recorrendo a outras moléculas igualmente físicas.
Às moléculas que modulam e transmitem informação entre neurónios chamamos neurotransmissores. São moléculas complexas, e conhecemos bem várias delas.
Algumas das mais importantes (que conhecemos) são o Glutamato, o GABA, a Dopamina, a Epinefrina, a Serotonina, a Acetilcolina e as Endorfinas, entre outras.
Se alguma vez se sentiu triste, feliz, zangado, excitado ou desmotivado, isso provavelmente estava relacionado com alguma destas moléculas.
E o que é mais fascinante, e prova definitiva de que a nossa consciência é uma coisa física, é que podemos alterar a consciência recorrendo a outras moléculas igualmente físicas.
Está triste? Tome lá uma molécula que lhe sobe a Serotonina
Está demasiado excitado, tome uma molécula que inibe os efeitos excitatórios da Epinefrina!
Está sem motivação? Dopamina!
A maior parte dos psicofármacos disponíveis em Portugal, sejam antidepressores, ansiolíticos, hipnóticos, antipsicóticos, antiparkinsónicos, antiepiléticos ou analgésicos, actuam sobre estestes neurotransmissores de que temos estado a falar.
O que é interessante, e óbvio em retrospectiva, é que naturalmente não são só estes 6 ou 8 neurotransmissores que fazem a nossa consciência.
Não sabemos quantos são.
Está demasiado excitado, tome uma molécula que inibe os efeitos excitatórios da Epinefrina!
Está sem motivação? Dopamina!
A maior parte dos psicofármacos disponíveis em Portugal, sejam antidepressores, ansiolíticos, hipnóticos, antipsicóticos, antiparkinsónicos, antiepiléticos ou analgésicos, actuam sobre estestes neurotransmissores de que temos estado a falar.
O que é interessante, e óbvio em retrospectiva, é que naturalmente não são só estes 6 ou 8 neurotransmissores que fazem a nossa consciência.
Não sabemos quantos são.
Sabemos que são mais de 100, e todos os anos descobrimos mais.
E não sabemos o que fazem a maior parte deles.
Nem como interagem.
Sim, porque não basta saber o que cada um dos neurotransmissores fazem individualmente.
Todos eles interagem uns com os outros, modulando e alterando as suas funções reciprocamente, em cadeias de acção complexas e ainda razoavelmente desconhecidas para nós.
Portanto, por um lado, é extremamente impressionante que consigamos ter um entendimento da nossa consciência e de como funciona o nosso cérebro para não só ultrapassar a ideia de que a consciência é algo etéreo e abstrato, mas também para conseguirmos artificialmente interferir na maneira como a consciência funciona, através de moléculas sintéticas.
Por outro lado, a maneira como o fazemos é ainda tão simples e básica, que dar um antidepressivo a uma pessoa é mais ou menos o equivalente a derramar um café por cima de um computador e esperar que haja um resultado diferente de 2+2=4.
eu gosto da analogia entre tomar psicofarmacos para o funcionamento intrinseco do cerebro, e um principiante de piano, a tocar vendado e com luvas de forno.
ResponderEliminarA psicofarmacologia, à semelhança da quimioterapia, vai valer muitas gargalhadas no futuro quando começarmos a perceber melhor como as coisas funcionam, e provavelmente vai cair no mesmo saco das sanguessugas
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