When the zombie apocalypse starts, go to the graveyard to play the best game of whack-a-mole ever!
Pataniscas Satânicas
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Creation
AhA!!!
Sim, cá estou eu de volta com mais do mesmo!!! Críticas a filmes!
Não se preocupem, minhas legiões silenciosas de fãs, porque desta vez não vou falar só de cinema. Prometo partilhar convosco a demência que me assola diariamente.
Mas, por enquanto: Creation!
Eu sabia que este filme existia já há algum tempo. Lembro-me de ter pensado quando vi o trailer (como penso invariavelmente sempre que vejo algum trailer) "Tenho de ver isto quando aparecer no cinema"
Como quase sempre, o filme não apareceu no cinema e eu acabei por me esquecer dele.
Ontem estava na Fnac e fui torturar-me um bocadinho olhando para televisões LED de fazer água na boca que eu nunca poderei comprar, e um dos trailers que estavam a passar era o do Creation! Vim para casa, tirei o filme da internet (!) e sentei-me a vê-lo.
Eu estava à espera de um filme cheio de intriga política, discussões inteligentes de ciência vs religião, drama familiar causado pelo conflito de ideias e muitos discursos apaixonados sobre a beleza da evolução.
E vejam lá se o trailer não dá a entender isso mesmo:
E se o filme fosse o que parece no trailer, se fosse a intriga política e as discussões e o drama e os discursos apaixonados, teria sido bom!
Eu teria gostado do filme.
No entanto o filme não é nada disso.
Cuidado!!!
THERE BE SPOILERS AHEAD!!!
Creation é a história de um homem a quem morreu uma filha, e de como isso alterou a sua vida.
O filme começa com Darwin velho e doente, claramente afastado da sua mulher, sem ser capaz de se relacionar com os filhos, e é-nos dado a entender que isso se deve ao facto de ele estar a trabalhar na Teoria da Evolução.
Aparece um bocadinho da intriga política e do conflito de ideias entre Darwin o cientista e a sua mulher crente.
São-nos mostradas sequências em que Darwin está a explicar de uma forma muito simples os princípios da evolução aos filhos, como se revolta quando o padre da aldeia castiga a filha dele por ela dizer que existiram dinossauros.
É dado a entender, e é isso que a maioria das outras personagens assume, que os problemas de saúde de Darwin se devem ao seu conflito interno e à exerção pelo trabalho.
Mas de uma forma muito calma, muito sub-reptícia, o filme vai-nos mostrando como a personagem do Darwin amava os seus filhos, como amava a sua mulher, como a sua paixão pela natureza o ligava a eles, como eles eram uma família.
Lentamente, a intriga política passa para segundo plano (e eventualmente desaparece de todo) e cada vez mais entramos na cabeça de Darwin que é perseguido pelo fantasma da morte da filha.
De uma forma incrivelmente dolorosa, o filme mostra como este homem está lentamente a ser comido por dentro pela culpa que sente, pela ideia de que poderá ter sido responsável pela morte da filha.
Assistimos ao processo que o leva a recompôr-se, a aceitar a morte da filha, até ao confronto com a mulher.
Este filme não é sobre religião, ou sobre evolução, ou sobre intriga política ou qualquer tema mundano desses.
Essas coisas estão lá, mas a história não é sobre isso. É a história de um homem a quem morreu a filha, e de como ele lida com isso, de como ele tem de lidar com isso para se salvar a si, à sua mulher e à sua família.
É uma história extremamente poderosa, muito muito bem contada e profundamente credível.
Que é, obviamente, a razão pela qual eles tiveram de a vender como se fosse sobre intriga política, ciência vs religião, drama familiar e discursos apaixonados.
Como notas finais, o filme foi realizado por Jon Amiel, que se redime com este filme de uma carreira bastante vergonhosa como realizador de cinema.
Darwin é interpretado por Paul Bettany, um dos actores mais subvalorizados da sua geração, que por acaso já tinha interpretado uma personagem muito Darwinesca no filme Master and Commander: The Far Side of the World.
A mulher de Darwin é interpretada de uma forma soberba pela Jennifer Connely, que constrói uma personagem de uma forma tão brilhante que só nos apercebemos que é brilhante mesmo no fim do filme.
A fotografia do filme é linda, parecendo que tudo saiu de uma fotografia antiga (não é por acaso que isto estava a passar numa televisão LED para fazer boa figura).
E não posso deixar de fazer notar a deliciosa escolha do título Creation para um filme acerca de evolucionismo.
Publicada por
Gui
às
00:02:00
Etiquetas:
Cinema,
Creation,
Jennifer Connelly,
Paul Bettany
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