Pataniscas Satânicas

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Tokyo

...é uma cidade gigantesca.

Maior que qualquer cidade que já tenham visto. Maior do que possam imaginar.

E tem milhões de pessoas. Em comboios, em escritórios, em escolas, em centros comerciais. Pessoas que se acotovelam e apinham, sempre muito delicadamente e silenciosamente.

Milhões de pessoas extremamente sozinhas. Sem falarem umas com as outras nos transportes públicos, nas ruas quase sempre a andar sem companhia.

A massa de pessoas é tão grande que se torna inindividualizável, sem cara, despersonalizada. Não é possível uma pessoa relacionar-se com a massa humana. Então as pessoas retraem-se e ficam no seu espaço pessoal sem dele saírem.

Mas quando falamos com elas, desfazem-se em amabilidade e simpatia. Mostram interesse genuíno, sorrisos sinceros, partilham uma piada se a entenderem.

Tokyo, apesar dos seus enormes arranha-céus, dos néons futuristas, dos templos e jardins perdidos no meio da urbe, é uma cidade carente de afecto.

Demorei a perceber que era isso que caracterizava esta cidade, mas é de facto isso.

All the lonely people, where do they all belong?

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