Pataniscas Satânicas

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quarta-feira, 11 de maio de 2016

A História das Mamas

Répteis que são Mamíferos? Mamíferos que não são Répteis? De onde é que vêm as mamas?

Vamos falar sobre isso



Acho que todos passámos pela fase em que aprendemos acerca da pré-história.

Quando eu tinha 6 anos e aprendi acerca da Pré-História, na minha cabeça esta estava populada por homens das cavernas e dinossauros que andavam em lutas épicas uns contra os outros.


Com o tempo percebi que isto era obviamente impossível, e implantou-se na minha cabeça a ideia de que primeiro tinham vindo os Dinossauros e depois os Mamíferos.

Até muito muito recentemente esta ideia de que os mamíferos teriam vindo só depois dos dinossauros esteve sub-repticiamente na minha cabeça, como se vê pelo meu artigo dos Tubos Com Dentes, onde eu digo que só depois dos dinossauros se extinguirem é que os animais começaram a experimentar outras coisas que não fossem lagartões.

A evolução, como habitualmente, é bem mais complicada e indefinida do que isso.


Na realidade a divisão entre mamíferos e répteis ocorreu muito antes de termos o quer que se parecesse sequer remotamente com os mamíferos e répteis que conhecemos hoje.

Foi há cerca de 312 milhões de anos, durante o fim do Período Carbonífero, quando a terra era dominada por densas florestas e insectos gigantes, que os anfíbios que por lá andavam se dividiram pela primeira vez em Sauropsides e Sinapsides.

Os Sauropsides viriam a dar origem a tudo o que era lagarto, crocodilo, dinossauro, tartaruga e pássaro que conhecemos hoje.

Os Sinapsides começariam a longa e tortuosa viagem evolutiva que culminaria eventualmente em macacos carecas com pretensões de viajar para as estrelas.

Claro que na altura esses bichos tinham um aspecto muito diferente.


Cotylorhyncus, Ophiacodon e Varanops - não são dinossauros, nem sequer são répteis
São Pelicosauros, antecessores dos mamíferos
Durante muitos milhões de anos, enquanto os Sauropsides andavam para lá a fazer a sua coisa e a planear dominar o planeta com lagartões gigantes, os Sinapsides passaram muito tempo sem se decidirem se queriam ser mamíferos ou répteis estranhos ou o que fosse. Estes Sinapsides primitivos chamavam-se Pelicosauros.

Havia o Edaphosaurus, que viveu durante o fim do Carbonífero e o início do Permiano, e que chegava a medir 3,5m e a pesar 300kg.

Edaphosaurus- 300-280 milhões de anos - NÃO era um réptil, mas também ainda não era um mamífero
Havia o Cotylorhincus, provavelmente um dos maiores animais do início do Permiano, com cerca de 3m de comprimento.
Cotylorhincus - 279-272 milhões de anos - um dos passos intermédios entre lagartões e ursinhos
Os Sinapsides foram provavelmente os maiores animais terrestres durante todo o Permiano, que durou entre 299 a 250 milhões de anos, período durante o qual estes híbridos répteis-mamíferos se passeavam pelo mega continente Pangaea.

Por esta altura, todos esses Pelicosauros, híbridos répteis-mamíferos, já tinham sido substituídos por uma versão mais sofisticada de Sinapsides chamada de Terapsides, que já se começavam a assemelhar um pouco mais a mamíferos.

Foram os Terapsides que inauguraram o estilo de andar com as pernas verticais, em vez das pernas esticadas para os lados dos lagartos e Pelicosauros.

Tetraceratops - um Terapside primitivo que viveu há 275 milhões de anos

Este período é dominado pelos Terapsides, enquanto que os Sauropsides, os répteis com sonhos de virem a ser dinosauros, têm um papel secundário na paisagem do Permiano.


Ou pelo menos até à Grande Morte, durante a extinção massiva no fim do Permiano e que fez a transição para o Triásico, na qual 70% de todas as espécies vertebradas terrestres se extinguiram, incluindo grande parte dos Terapsides.


Com a extinção de grande parte dos Terapsides, finalmente houve espaço para os répteis tomarem a dianteira.
Os períodos que se seguiram, o Triásico, o Jurássico e o Cretáceo, foram definitivamente dominados pelos Sauropsides que finalmente se transformaram em  lagartões gigantes e finalmente apanharam os proto-mamíferos.

Os Dinossauros dominariam o planeta terra por cerca de 135 milhões de anos
Dos Terapsides restaram apenas três grupos.

Os Terocefalianos, que duraram apenas 20 milhões de anos após a grande extinção, que incluiam o Moschorhinus, que provavelmente foi o maior predador do seu tempo.

Moschorhinus - 250-230 milhões de anos atrás
Os Dicinodontes, herbívoros com bico, dos quais um dos melhores exemplos foi o Kannemeyeria, que teria cerca de 3 metros e também não passou do meio do Triásico.

Kannemeyeria - também não durou muito tempo
E finalmente, parentes próximos dos Terocefalianos, os Cinodontes que são os verdadeiros heróis da nossa história, dos quais o Cynognathus foi um dos primeiros.

Cynognathus - agora sim, isto começa a ficar interessante
A grande vantagem dos Cinodontes em relação aos outros Terapsides foi que, enquanto que todos os outros animais à sua volta, nomeadamente os Dinossauros, foram ficando cada vez maiores, os Cinodontes foram ficando cada vez mais pequenos.


Durante o período do Jurássico e Cretáceo os Cinodontes foram ficando progressivamente mais pequenos desde o Repenomamus, que era do tamanho de um texugo e o Tritylodon que tinha cerca de 30cm.

Repenomamus
Tritylodon
Foram também os Cinodontes os primeiros a terem pêlo (que tenhamos a certeza). Por altura do Jurássico (199-145 milhões de anos atrás) não haviam Cinodontes maiores do que gatos, e eram na sua maioria herbívoros, necrófagos ou insectívoros, e largamente nocturnos.

Os Cinodontes vão-se diferenciando lentamente, escapando aos pés dos dinossauros, e constituindo o primeiro grupo de animais que já se consideram mamíferos, os Euterianos, há cerca de 160 milhões de anos.


Como já perceberam, não é possível dizer em que momento específico surgiram os mamíferos tal como os conhecemos hoje.

Tal é a natureza da evolução. Não é feita de saltos discretos, mas sim de transições graduais.

Os primeiros Monotrematos (grupo de mamíferos dos quais ainda hoje existem espécimes) surgem há 125 milhões de anos, com o Teinolophos.

Os Marsupiais surgem há 65 milhões de anos, e os Placentários há cerca de 66 milhões de anos.

O primeiro fóssil de um animal inequivocamente Placentário é o Protungulatum donnae.

Protungulatum donnae
O mamífero mais primitivo existente actualmente é o Solenodon Hispaniola que se terá separado dos outros mamíferos há 78 milhões de anos.

Solenodon Hispaniola
Ou seja, este mamíferozinho sobreviveu ao asteróide que extinguiu os lagartões gigantes, e provavelmente andou a correr pelo meio das pernas dos Tiranossauros Rex.

É à custa de toda esta história de evolução, e à custa destes ratinhos, que hoje existem mamas.







2 comentários:

  1. Epa, confesso que estava à espera de mais mamas, mas talvez duas mamas seja um número apropriado.

    Digo duas, porque os homens não têm mamas.

    Não consigo imaginar um homem a dar de mamar a um Protungulatum donnae.

    No entanto, é possível imaginar uma mulher a dar de mamar a um Protungulatum donnae.

    Talvez por muita pratica a imaginar esse tipo de coisas. E ajuda da internet. a internet é o repositório of all things gross.

    https://www.youtube.com/watch?v=h7x4y3KaZeE

    yep. cannot unsee.

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  2. No que toca a mamas, o número dois costuma ser apropriado, e se tiver que ser mais do que isso, sempre em números pares.

    Eu diria que os homens tanto têm mamas que podem ter cancro da mama, mas concordo que para o efeito que nos interessa, mais valia não terem.

    Curiosamente os mamilos nos homens continuam a ser dos melhores argumentos contra o Criacionismo.

    Quando chegar a casa vejo o vídeo para depois me arrepender.

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