Pataniscas Satânicas

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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A Ciência do Toque da Morte

Dentro do top 5 das coisas fixes que nós gostávamos que fossem verdadeiras e reprodutíveis, está  o toque da morte, ou o ''five point palm exploding heart technique''.

(eu sei, isto é outro filme)

A ideia de que é possível fazer alguém falecer, com apenas um golpe, ou combinação de golpes, desferido à velocidade de um relâmpago, enquanto se guincha sons nasalados para dar efeito dramático, suponho.

Em teoria, um monge shaolin, ou uma loira que gosta de espadas japonesas sobe à montanha, e fica em retiro durante meses, a treinar com um lendário e exigente mestre, que gosta de carapaus.  O mestre diz coisas vagas e profundas, ao início provocadoras e escarnece do aprendiz enquanto este luta contra um boneco de madeira, ou se equilibra só com um pé em cima de troncos de árvore cortados. Ao fim de muito tentar, e quando está quase a desistir, o mestre toca na sensibilidade do aprendiz e permite-lhe ver o que esteve sempre à sua frente.


Que normalmente é uma treta puxada do rabo da psicologia positiva.
E o aprendiz, mais maduro depois de muito penar, está agora apto a desempenhar melhor uma arte milenar, tornada obsoleta por essa maravilha moderna da tecnologia que é o pau afiado.

O que vocês provavelmente não sabiam, é que o toque da morte não só é possível, como é cientificamente possível! O melhor tipo de possível! Como ficará totalmente demonstrado, depois de meia dúzia de palavrões científicos complicados em latim, e duas ou três referências à Wikipedia e ao Medscape. Isso chega, certo?

Chama-se Commotio Cordis. Um trauma seco, aplicado sobre o coração, pode matar. Caso a pancada aconteça durante a chamada ''primeira fase da repolarização ventricular'', ou a ''fase ascendente da onda T'', no electrocardiograma.


É uma janela temporal de apenas 20 milisegundos, e exige uma pancada de 50 joules no mínimo, mas é uma causa de morte súbita reconhecida em desportos que incluam projécteis, como o hóquei ou o baseball. 
O nosso aprendiz pode de facto aprender o toque da morte! Tem é que fazer um electrocardiograma à vítima, e aproveitar bem aqueles 20 milisegundos. O que pode ser pouco conveniente.

Claro que pode também tentar dar meia dúzia de murros ao outro, e por sorte acertar aleatoriamente no momento certo. Mas isso é estúpido.


É estúpido, ao contrário de tudo o que este post descreve, que são ideias muuuuito bem ponderadas....

Paradoxalmente, é também verdade cristalina que umas murraças-parte-costelas, podem constituir um tratamento médico convencional, usado nos melhores hospitais. Claro que os médicos não lhes chamam murraças-parte-costelas. Chamam-lhe ''murro precordial''. Ah, mas que bem! Um murro cordial! Quase que parece um cumprimento formal, mas a um senhor que, para todos os efeitos, está pré-falecido.



É usado em doentes em fibrilhação ventricular, monitorizado, quando não há desfibrilhador (ou seja, quase nunca, até porque a taxa de sucesso do murro precordial é baixíssima).

NO! NO! LIVE! LIVE! LIVE, GODDAMMIT!!!!! (O murro dado no lado esquerdo é ligeiramente mais eficaz...)

Quem é que disse que a violência não resolve nada?

Acaba por ser divertido, isto de fazer parar e recomeçar o batimento cardíaco aos murros. É como a amnésia. É sabedoria médica convencional que, se levarmos um porradão na cabeça, perdemos a memória. E depois só a recuperamos se levarmos outro porradão na cabeça.
Vi nos filmes, portanto deve ser verdade. Daí a importância de levar sempre porradões na cabeça em número par, para prevenir a amnésia. O mesmo acontece com porradões no peito, que param o coração. Science!


Se és uma criança a ler isto, por favor pergunta aos teus pais se seguir as orientações deste blog é boa ideia. Se eles disserem que sim, confirma com estes senhores: apav.sede@apav.pt


6 comentários:

  1. Posso dizer que uma vez dei um Murro Precordial!

    Não funcionou...

    Depois fiquei a pensar que os médicos que estavam comigo estavam a gozar comigo e que o murro précordial era um mito, mas fui pesquisar e vi que afinal era mesmo verdade.
    Mesmo assim fiquei com a impressão que estavam a gozar comigo, o que foi ainda mais estranho porque estavam a gozar comigo ao lado de uma pessoa a morrer.

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    1. Tendo em conta o que contaste, eles deviam ter um sistema de apostas a ver se conseguias reanimar ou não a pessoa

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    2. já deve ter estado mais longe!

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  2. Devias fazer uma webseries com este conteúdo. Faz lembrar um cruzamento arraçado entre Monty Python e In a Nutshell – Kurzgesagt https://www.youtube.com/channel/UCsXVk37bltHxD1rDPwtNM8Q

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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