Pataniscas Satânicas

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Eleições nos EUA2016 - Bernie Sanders, The Longshot

Ok, então vamos actualizar os acontecimentos na novela que eu ando a acompanhar pelo Youtube, que se chama:

'Quem é que vai ser o próximo presidente americano?'



No post sobre porque é que estas eleições são importantes, tentei usar as consequências da presidência de George Bush, para justificar a importância das presidenciais americanas de 2016.

Se George Bush foi mau, preparem-se para Donald Trump.

Donald Trump (um independente que quer ser o candidato republicano) seria o mesmo que um George Bush viciado em insultos, cocaína e no próprio ego. Parece-me que é fácil apresenta-lo como um personagem chaotic evil. Ele tenta dizer que se acha um 'nice guy', mas quando diz coisas como estas:





Obama não foi um mau presidente, a impulsionar algumas políticas sociais, a abordar a política externa de outra maneira. E era bom que isso pelo menos se mantivesse assim.

Apesar de Donald Trump, há indicadores de que esta não é uma aspiração impossível. E pode mesmo acontecer o mesmo que em 2008 (com Barack Obama a roubar a nomeação à então candidata consensual do Partido Democrata - Hillary Clinton). Se Hillary Clinton perder a nomeação Democrata, e não for nomeada pelos Democratas para a presidência (ela é a favorita), a escolha só pode recair sobre um homem:

Bernie Sanders.

''Quem?''

Nunca ninguém ouviu falar do velhote afável e despenteado do Vermont.


Bernie Sanders tem uma vantagem significativa em New Hampshire, e esteve muito, muito, perto de ganhar o Iowa.

O empate foi tão grande que vários delegados tiveram que ser decididos através de moeda ao ar.

A sério. 6 delegados foram decididos através de moeda ao ar. Hillary ganhou os 6.

Ás vezes é preciso ter sorte...

Se Bernie Sanders for eleito, os americanos vão ter um Socialista na Casa Branca.
O que não tem precedentes nos EUA.

That is no small thing.

Bernie Sanders promete aumentar substancialmente o salário mínimo, passar legislação para regular e aumentar impostos sobre Wall Street, criar um ''Sistema Nacional de Saúde'' (single payer) americano, e quer tornar as universidades (públicas) gratuitas para todos os estudantes.


E talvez o mais importante: Sanders não aceitou donativos de grandes empresas ou bancos.
O dinheiro da campanha vem mais de 2 milhões de pequenos donativos.

Para alguém ser eleito nos EUA, é preciso dinheiro para a campanha eleitoral.
Aceitar donativos de grandes empresas/bancos, é quase obrigatório.

Em 2016, só há 2 candidatos que não aceitam dinheiro de grandes interesses instalados.

Bernie Sanders, e... Donald Trump. O primeiro porque não se quer comprometer, o segundo porque é bilionário.


Uma população que ainda está escaldada do crash de 2008, vai ter isso em consideração na altura de votar. Os bancos e Wall Street não gozam de boa reputação nos EUA neste momento.


Nesta narrativa, Bernie tenta apresentar-se como sendo lawful good
Durante um debate, num momento em que se escrutinava Hillary sobre o escândalo dos emails, Bernie teve esta erupção:


Ele está a tentar com que não se desvie a conversa para um escândalo profissional da sua principal adversária, uma situação que o iria beneficiar. E desata num rant sobre como oligarquia que controla o sistema político Americano esmagou a classe média, e que isso é que é importante, não um escândalo de tablóide.

Apesar de um apoio muito forte das camadas mais jovens, Bernie tem 3 obstáculos para ultrapassar, se quiser ser o candidato do partido democrático:

1 - Pouco apoio dos cidadão de meia idade e idosos (os chamados 'baby boomers').

2 - As minorias não estão com ele. Aparentemente, os hispânicos e os afro americanos estão renitentes em votar num velhote judeu branco, depois de terem eleito o primeiro presidente jovem negro e católico na história dos EUA.

3 - O argumento do voto útil. Usar as circunstâncias para justificar decisões que normalmente seriam fundadas em valores e políticas. Aqui o argumento é: ''É melhor votar na Hillary, porque um socialista em eleições gerais, perde certamente. E neste caso perde com Donald Trump...''

Este argumento ganhou tracção contra Bernie.


Mas no fim do dia, acho que o que vai decidir o futuro de Bernie é a percepção que a população tiver dele. Porque ser anti sistema, apela a muita gente, mas temos o sistema contra nós. Por definição.

1992 
Previsivelmente, como tantas vezes no passado, quem tenta lutar contra o sistema, é chamado de maluco e extremista. Aliás, neste caso, já está a acontecer, com muita gente a acusar Bernie de ser um comunista que quer matar os ricos e subsidiar a mediocridade. Tudo porque Sanders quer um sistema de saúde universal e educação pública gratuita, coisas que na Europa são perfeitamente aceites pela Social Democracia (apesar do corte ocasional...).


Mas depois vemos coisas como esta, que testemunham a likeability (mal traduzido, 'gostabilidade'), deste candidato.


Até há pouco tempo, ninguém admitia que ele tivesse qualquer hipótese, mas hoje há indícios de que Bernie Sanders pode vir a ser o próximo Barack Obama.

As sondagens dão uma vitória apertada a Hillary nas primárias,  mas em Novembro passado, uma simulação de eleições numa Universidade Americana (Western University), previu não só a nomeação pelo partido Democrata, mas a vitória de Bernie Sanders em eleições Nacionais Gerais.

Esta Universidade fez um estudo parecido há 8 anos, e previu a vitória de Barack Obama. Toda a gente se riu dos estudantes na altura... contra todas as expectativas, Obama ganhou as eleições.

No último debate democrata, Hillary começou a atacar Bernie Sanders. A atacá-lo de maneira injusta, o que se poderia virar contra ela. Ela sabia isso, mas arriscou na mesma.

Para já, não lhe podia ter corrido pior. Hillary acusou Bernie de falta de lealdade a Obama.

A reacção de Sanders, um olhar de lado em incredulidade, tornou-se viral nas redes sociais.


Outros factores que podem ser importantes. Há cada vez mais figuras públicas a apoiar Bernie.
Mark Rufallo, Will Ferrell, Danny DeVito, Sarah Silverman, Steve Wozniak.... entre muitos.

Dia 28 de Dezembro de 2015 o Samuel L Jackson dizia: ''Bernie can't win'' e apoiava Hillary.
Depois de ver a sua conta do Twitter explodir, dia 29 de Dezembro, já a conversa era outra.

As eleições Americanas de 2016 podem depender de factores que até a um passado recente não existiam, ou não estavam tão difundidos. Como as redes sociais. Isso pode fazer com que o resultado seja tão improvável como a maneira como o rapper Killer Mike decidiu apoiar Bernie Sanders.

Deixo-vos com o ad da campanha de Bernie Sanders que gostei mais:


Art Garfunkel - ''I like that Bernie is very upset by the gap between the rich and the poor. I think that is central. When Bernie says: ''Hillary gave a speech and got 275.000 dolares for that speach...''.
You've got to give a very good speech to earn that kind of money...  He's winking at: we know the power of whoever backed her. And that's how America works.

Until somebody says: ''Not with me.''

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Dito isto, é altura de acabar numa nota mais sóbria.
Bernie Sanders é um longshot. É pouco provável que ele seja eleito. O establishment tem maneiras de dar a volta a estas situações, quer seja por falta de cobertura noticiosa, ou através de ferramentas como os superdelegates, que apoiam Hillary.

Mas!... coisas estranhas acontecem, por vezes.

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