Não sabemos bem, porque estivemos a dormir nas aulas de filosofia.
O problema, é que eles raramente são descarados. É muito mais frequente vários graus de dissimulação, misturada com populismo. E argumentos falaciosos. Os debates estão pejados deles. É um crime contra a democracia que desmontar falácias lógicas não faça parte da cultura geral de toda a gente.
Vamos então discutir algumas...
Slippery slope - falácia da bola de neve. O argumento baseia-se na noção de que, se for feita uma cedência num determinado tema, isso levará a outras cedências de muito maior magnitude. Normalmente não há uma causa ou explicação para a razão pelo qual isto acontece...
Realmente, porque não? Claramente, se os homossexuais podem casar, isso implica necessariamente que podemos casar com objectos inanimados.
(por mim podes casar com uma torradeira...)
Bem... com frequência está falácia apela ao ridículo ou ao chocante. Normalmente cede a argumentos com a mesma estrutura, e igualmente ridículos.
O Espantalho (strawman). Não é mais do que distorcer o pensamento da pessoa a atacar, e depois dizer porque é que esse mesmo pensamento não faz sentido, ou é idiota. É um espectáculo para fazer parecer que os nossos adversários são idiotas.
Argumentum ad metum (Fearmongering )- Meter medo às pessoas com uma ideia vaga e mal definida ou um acontecimento horrível que o futuro vai trazer, se não se concordar com o autor do argumento. Muitas vezes cria-se um 'espantalho' das ideias do adversário, e usa-se como base para tentar gerar medo.
Se alguém começar a tentar assustar-vos sem provas durante um debate, é pouco provável que essa pessoa esteja a 'ganhar' a discussão.
Quando o governo de Passos Coelho estava em vias de ser derrubado, estas notícias eram frequentes:
- 'PPP promete lutar contra política de ruína para o país'
Argumentum ad hominem - o sempre famoso: ''isso que você diz está muito bem, mas está totalmente errado porque a sua mãe é uma vaca gorda e feia, que come esterco.''
Temos uma figura da actualidade que é excelente nestas coisas dos ataques pessoais.
Outra coisa que este argumento ignora conscientemente, é que qualquer palhaço pode dizer coisas muito acertadas. Um argumento deve ser avaliado pelos seus méritos, não pela credibilidade de quem o profere. Não vale a pena dizer isto:
Admitamos que a lição de moral vem de um bêbado. Será que é menos verdadeira do que se for o Papa a dar a lição de moral? Dizer que quem critica não tem 'moral', não é uma resposta à crítica. É uma crítica em si.
Queria mencionar uma excelente variação dos ataques ad hominem: O reductio ad hitlerum. Basicamente, ''você está errado, porque a sua opinião faz-me lembrar o partido nazi.''
Um favorito nas discussões de internet, foi objecto de estudo, do qual surgiu uma lei: A lei de godwin.
(Estás a beber água? Sabes quem é que também bebia água? O HITLER!!!)
Só mais uma: A falácia do jogador. Mais uma maneira de nos enganarmos a nós próprios (passe o pleonasmo), do que enganarmos os outros. É basicamente acreditar que eventos passados aumentam ou diminuem as probabilidades de eventos futuros. Se eu vi sair preto na roleta 5 vezes seguidas, qual é a probabilidade de sair vermelho na próxima jogada? É exactamente a mesma do que sair preto. Mas o jogador acredita que o vermelho ou o preto, serão mais prováveis, porque ''está quase a virar'', ou porque o ''preto está a sair em série''.
O próximo debate que virem, vejam lá se não identificam algumas destas parvoíces a saírem da boca dos nosso líderes.
Ou da nossa. Eu sei que já me apanhei a cometer mais do que uma destas falácias.
Cat tax!
Devíamos fazer um bingo de falácias lógicas para as pessoas preencherem enquanto ouvem debates políticos.
ResponderEliminaracho que deviamos receber um subsídio! esse bingo é um excelente incentivo à partipação cívica!
EliminarSó queria dizer que a frase que está ali em cima, no início de tudo "O Universo não se importa connosco da mesma maneira com que as rodas dentadas de um relógio não se importam com que horas são" martela-me a cabeça há muito tempo. :) ;)
ResponderEliminarA nos tambem! Por isso é que os lembretes sobre a nossa importancia relativa nos fazem sentir tao estranhos. Acho que a frase quer dizer que "importar-se" é um conceito que nos inventamos. E que nao somos uma coisa separada, mas sim uma manifestacao do universo.
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