Pataniscas Satânicas

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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Psicadélia com o Dr. Estranho

Mágicos foleiros dos anos 30? Trips psicadélicas alimentadas a drogas? Contra-cultura dos anos 60? Hype e mais hype acerca do Dr. Strange?

Vamos falar sobre isso!


Portanto com o Captain America: Civil War aqui mesmo à porta, a Marvel decidiu aproveitar a atenção e o entusiasmo dos fãs para nos largar o trailer do seu próximo filme, o Doctor Strange.

(só numa nota aparte: no momento em que escrevo isto, o Captain America: Civil War tem uma pontuação de 100% no Rotten Tomatoes! Eu sei que é cedo, é de uma pool de só 15 críticas, mas ainda assim weeeeeeeee!!!)

Acho que nunca li nenhuma banda-desenhada do Dr. Strange. Li muitas bandas-desenhadas onde ele aparece, sempre como personagem secundária, sempre a aconselhar as outras personagens, mas acho que nunca de facto li nenhuma história só dele.

Mas aquilo que me ficou sempre na cabeça é que o Dr. Strange é uma personagem estranha.


É um tipo com uma capa vermelha (coisa que não se vê assim tanto quanto isso na Marvel) que mais parece saído de uma banda desenhada dos anos 30, como o Mandrake The Magician.

Parece um bocado vistoso. A palavra "foleiro" vem à cabeça.


A personagem do Dr. Strange no entanto foi inventada em 1963, pelo artista Steve Ditko, famoso colaborador de Stan Lee.

O Dr. Strange é verdadeiramente uma personagem que usa magia negra para resolver os seus problemas, ao passo que no resto do universo marvel a maior parte dos poderes e habilidades das personagens estão habitualmente associadas a origens científicas.

O Captain America é fruto de um super-soro, o Bruce Banner é resultado de radiação gama, o Iron Man (também de 1963) é um homem dentro de um fato mecânico.

O Dr. Strange usa magia. É atípico.


No entanto, exactamente por causa dessa atipia, as narrativas do Dr. Strange começaram a expandir o universo da Marvel, construindo uma cosmologia coesa que incluia elementos de mitos egípcios, deuses sumérios e arquétipos Jungianos.

Steve Ditko teve dessa maneira liberdade para fazer o que lhe passasse pela cabeça, e criou cenários e ambientes verdadeiramente surreais.


Esta personagem, com as suas ideias de misticismo e cenários psicadélicos, apelou especialmente a um público mais velho, aos estudantes de universidade, que começaram a ver significados escondidos em tudo.



Não se esqueçam igualmente que os anos '60 na América foi a época em que a cultura das drogas e do LSD começaram realmente a fazer parte da cultura da juventude.


As bandas desenhadas do Dr. Strange conseguiram antever a fascinação que a contra-cultura dos anos '60 viria a ter com tudo o que estivesse relacionado com o misticismo oriental, e de antecipar-se às tendências artísticas psicadélicas do fim dos anos '60 antes destas se começarem a estabelecer.


Steve Ditko levou a personagem ainda mais longe ao começar a introduzir entidades abstractas como personagens contra as quais o Dr. Strange se defrontaria.

Por exemplo a Eternidade, uma personificação do Universo, representada como uma silhueta cheia de estrelas.



Apesar de o Dr. Strange nunca ter estado entre as personagens mais populares ou acessíveis da Marvel, conseguiu encontrar um nicho numa audiência que procurava uma alternativa mais desafiadora do que os super-heróis habituais.


Compreendem por isso que eu tenha ficado muito entusiasmado quando no ano passado quando li a notícia que o Director de Fotografia do Guardians of the Galaxy, Ben Davis, ia também fazer a fotografia do filme do Dr. Strange.

Fiquei ainda mais entusiasmado quando o próprio Ben Davis disse que o Dr. Strange iria ser o Fantasia da Marvel, inspirando-se nas perspectivas impossíveis de M.C. Escher.



Mais entusiasmado fiquei ainda (é tanto entusiasmo que estou prestes a rebentar uma veia) quando recentemente o produtor dos estúdios Marvel vei anunciar que o filme iria usar a tecnologia do 3D para aumentar ainda mais o efeito dos ambientes surreais do filme.


Até agora o 3D tem sido sempre algo que é distractivo ou inútil ao filme onde é usado.
Vai ser extremamente interessante ver de que maneira o 3D de facto é útil para contribuir e aumentar o efeito do filme e da narrativa.


Olhando para o trailer que saiu há poucos dias, eu diria que o meu entusiasmo e expectativas por este filme foram bem investidas, e que o filme vai mesmo ser a trip psicadélica que eu quero imenso que seja.

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