Pataniscas Satânicas

Pataniscas Satânicas

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Epilogo - Vemo-nos em Tokyo

Segundo dia depois do Harrison. E consigo ver o dia acabar sem pensar em nada de especial.
A vida costumava ser assim.

Lembro-me do dia em que acabamos medicina 2 na gastro. Saímos do hospital eufóricos metemo-nos no carro e eu conduzi furiosamente até carcavelos para enfiar os dedos dos pés na areia. Acabou. No caminho fizemos um epilogo para cada um de nós. Como se o filme tivesse acabado, e estivesse na altura de dizer ao espectador brevemente o que aconteceu a cada personagem.

He walks into the curve, waves back, and fades, in an Autumn afternoon...

Já me sentia a desaparecer há algum tempo. Nos dias em que estive sozinho na fml a estudar rodeado de crianças a fazer trabalhos, a contornarem-me como se eu já lá não estivesse, a ignorarem os meus olhares reprovadores ao barulho que estavam a fazer. Já não pertencíamos ali. Éramos como emigrantes retornados à terra 40 anos depois, sem contactos pelo meio. Estava tudo ali, mas era como se nada fosse o mesmo. O mesmo que começou a aplicar-se às olimpíadas, meses antes.

Claro que sei que este não é o fim da linha, mas é o fim de alguma coisa. O início do fim de uma infância/adolescência demorada, sem dúvida. Ano a ano, o mundo torna-se cada vez mais real. As nossas personalidades estão cada vez mais cristalizadas. Nós vamos ser assim.
Ontem, no juramento oficializaram a coisa. Parabéns, disseram-nos. Vocês já não são o futuro.
Ninguém pode viver para sempre na Terra do Nunca.

Agora deixo de ser o sidekick ao lado do doutor que põe em causa cada decisão que ele toma, para começar a tomar eu mais decisões. E fazer as minhas asneiras, de certeza.
I'm sure we'll have fun.

Pelo meio ficaram milhares de memórias. Umas mais interessantes, a maioria aborrecida. As minhas, as nossas memórias. Isso é que interessa.
O que interessa é que cantámos o white rabbit e o american pie, nos intervalos da chuva.
E conseguimos ver a letra.

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

The Walking Dead



Sempre fui fã de zombies.

O primeiro filme de zombies que me lembro de ter visto foi o Night of the Living Dead de 1968, do George Romero.
Tinha 11 anos, e vi-o num especial de Halloween da TV5 que apanhava na parabólica (ainda se lembram quando havia antenas parabólicas?).
O filme meteu-me medo!!!
Mas medo a sério!

Já antes eu tinha visto filmes assustadores, mas eram sempre os sustos de gato-atirado-à-cara...
O filme começa de uma maneira brilhante, com dois irmãos num cemitério a discutirem, enquanto uma figura cambaleante em plano de fundo se vai aproximando cada vez mais deles até que subitamente os ataca.
A ameaça não é uma surpresa. Este à vista o tempo todo, foi sempre ameaçadora ou pelo menos estranha, e inevitavelmente, por muito que nos tenhamos arrepiado e querido fugir, cai-nos em cima.

Para 1968 era uma forma bastante original de criar terror e suspense, e acagaçou-me brutalmente quando eu tinha 11 anos.

Desde então que é o único género de terror que ainda me consegue meter medo num nível primário. Quando tenho pesadelos, são com zombies.

Fiquei viciado em zombies.

Tenho visto todos os filmes de zombies a que apanho mão. Bons, maus, não interessa. Se são zombies eu tenho curiosidade em ver.

Tenho visto coisas excelentes (28 Days Later, Shaun of the Dead) e outras bem mázinhas (Diary of the Dead).

Uma das melhores coisas com zombies que encontrei nos últimos anos foi uma banda desenhada chamada The Walking Dead, escrita pelo Robert Kirkman.




É particularmente boa, porque para além do facto de nos pedir para aceitar que aconteceu um Apocalipse Zombie, tudo o resto é uma progressão lógica de acontecimentos, que segue um grupo de sobreviventes à medida que estes tentam... sobreviver.
As personagens são todas extremamente complexas e vão-se tornando mais profundas à medida que passam experiências traumáticas (raramente até provocadas pelos zombies).

A banda desenhada tem um estilo gráfico muito próprio, a preto e branco, muito sangrento e peçonhento, sem no entanto deixar de parecer uma banda desenhada.



Recentemente, a BD foi adaptada para série de televisão.



A série está muito bem feita, sendo invulgarmente fiel à banda desenhada, e com um casting excelente!




Deixo-vos com um trailer:



E, por incrível que possa parecer, o Night of the Living Dead, de 1968, na íntegra.
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domingo, 21 de novembro de 2010

Prioridades


Só para despachar as coisas importantes, o meta-Deus Héh Rhy-Söhn foi mais uma vez aplacado com o sacrifício de centenas de almas, e provavelmente não come o nosso universo durante mais um ano.

...

Imaginem um jovem. Um rapaz ou uma rapariga de uma determinada idade, entre os 10 e os 18 anos.
Este indivíduo jovem, no início da vida, tem imensas qualidades e características e idiossincrasias, mas para este exercício de pensamento basta-nos saber duas: é razoavelmente inteligente e razoavelmente bom a memorizar coisas.

Agora imaginemos que por qualquer razão este jovem se dedica aos estudos. Uma razão qualquer... seja porque os outros meninos foram cruéis com ele e ele decidiu que preferia ficar a estudar em vez de ir brincar, seja porque a mãe o sobre-protegia e ele ficava mais tempo em casa ou simplesmente porque era míope e por não conseguir ver tão bem à distância não era bom a jogar à bola e por isso preferia ficar em casa a estudar.

"Um bom empreendimento" pensará o leitor "ao menos não se meteu nas drogas!".

Este jovem dedica-se aos estudos, é inteligente, lê coisas, tem interesses mais intelectuais e eruditos que a média. Tem boas notas, tem sucesso na escola, os professores dizem boas coisas dele, os pais ficam todos orgulhosos e encorajam-no, a família fica orgulhosa e com uma ponta de inveja, porque os seus próprios filhos querem é jogar computador e jogar à bola e fumar umas ganzas.

O nosso jovem não, o nosso jovem é trabalhador e dedicado. Durante toda a adolescência vai investindo tempo no estudo, que podia ser usado a socializar, a aprender a relacionar-se com os outros, a explorar as suas emoções, a aprender a empatizar, ou muito simplesmente a masturbar-se (até isso seria mais saudável).

Entra na faculdade, para um qualquer curso de topo, prestigiante e com estatuto. Do tipo de curso onde nas primeiras aulas do ano, os professores dizem coisas como "vocês são a elite do país" e outras parvoíces do género.

Na faculdade o trabalho é mais exigente, é preciso dispender mais tempo e energia, fazer mais cedências das coisas de que se gosta. Talvez o nosso jovem gostasse de ver filmes, ou ler livros, ou tirar fotografias, ou sair à noite, ou masturbar-se.
Mas agora está na faculdade e tem de trabalhar e essas coisas pode fazê-las depois, porque agora o importante é estudar.

Até porque à volta dele há tantos outros como ele que trabalham tanto ou mais que ele, e estudam tanto ou mais que ele e que até (gasp!) têm notas melhores que as dele! Ele agora tem mesmo de estudar.

Há uma coisa engraçada acerca dos interesses... toda a gente pensa que os passatempos e os gostos e o divertimento é uma coisa na qual se cai naturalmente se não nos disciplinarmos a trabalhar.
Mas isso não é verdade. Os gostos e os interesses precisam de dedicação e amor e carinho como qualquer outra coisa. Se não os tiverem... definham, ressecam-se e depois morrem.

Quando o nosso jovem um dia chega a casa e já trabalhou tudo e já estudou tudo, e finalmente hoje tem tempo livre pode então... hum... pode... nada.
Descobre, talvez sem grande surpresa e com uma ponta de tristeza que não tem realmente nada para fazer. Já não têm interesses. Já não tem coisas que o entusiasmem.
Então o que é que vai fazer? Vai estudar um pouco mais! Assim até pode ter melhor nota!!!

E então o nosso jovem acaba o seu curso! Acaba-o com uma grande média, não tem dificuldade nenhuma em encontrar emprego e vai para um lugar de renome e estatuto.
E lá encontra outros como ele, ainda mais competitivos.
O que é que ele faz? Vai dedicar-se ainda mais ao trabalho, até porque não tem nada de mais interessante para fazer.

E este homem (entretanto já cresceu) é completamente vazio. Não tem interesses, não tem paixões, não tem personalidade.
E no entanto por ser excelente no que faz é considerado um exemplo para a sua geração. As mulheres querem-no e os homens querem ser como ele.


Digo-vos... como este exemplo eu conheço dezenas. Pessoas a sério, da minha faculdade. Tipos vazios, desinteressantes, frios, que não sabem o que é que andam cá a fazer. Mortos por dentro.

É triste, a sério que é.

E será que alguma vez tiveram escolha? Será que era tão simples como alguém se ter apercebido que o puto era míope e terem-lhe arranjado uns óculos para ele poder ir jogar à bola?

O que houve definitivamente foi um momento em que se lhes deparou a escolha entre priorizarem o divertimento e priorizarem o trabalho.

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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Isto não está morto!!!

O blog não está morto!

O mesmo não se pode dizer dos seus escritores, que por esta altura daqui a duas noites estarão prontos a comer cérebros.
Provavelmente os seus, mas quem é que está a prestar atenção.
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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Teoria dos Círculos

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sábado, 6 de novembro de 2010

Jesus Camp

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A Teoria dos números negativos

A teoria dos números negativos está a ganhar adeptos em estratos mais generalizados da população. Embora ainda não se aproxime ainda à teoria dos macacos. Ou é a história dos macacos? Sugiro referências vagas e intrigantes, em posts subsequentes, sem nunca se concretizar/finalizar/desvendar a teoria dos macacos. Nem a suposta ligação às Aventuras do Camilo, que muitos defendem ser apócrifa.... mas que este correspondente admite como real.
A única coisa que parece certa, é que outra peça do puzzle pode ser encontrada na métrica do post anterior: Harmaggeddon. Ou posso so estar a espalhar desinformação.... a desviar a atenção de uma verdade antiga e obscura.

Apesar de tudo, a teoria dos números negativos, é surpreendentemente simples.
Surgiu durante uma hora de almoço, em que eu e o Gui estavamos a discutir porque é que os números de 0 a 8deitado+ se designarem como números naturais. Que implicações teria essa convenção? Não demoramos a concluir que havia algo de não natural nos números abaixo de zero. Algo de condenável e profano. Algo de herético.
Não demoramos muito, nós que somos pró-vida, somos membros da aliança Cristã, e recebemos mensalmente a ''Sentinela'', que não é mais que um veículo de propagação de mensagens encriptadas da opus dei, a perceber que só tinhamos encontrado a ponta do iceberg.
Que outras tendências têm sido condenadas pelos conservadores como sendo profanas, aberrantes, e não naturais?
Claro! As tendências homossexuais! Agora já estão a perceber! É só seguir o dinheiro!
Todos os números abaixo de zero são homossexuais. Basta olhar com atenção! Todos mariconços, em filinha pirilau, uns a seguir aos outros... Porque é que vocês pensam que eles têm todos um menos entre eles? O que é que pensam que é aquele menos? Entre eles todos... até ao infinito...
É só um comboio larilas de números sem fim!

Mas isto é só o princípio! Porque quer acreditem, quer não, os números negativos constam nos conteúdos programáticos de matemática de vários anos lectivos! de vários!
E quem é que faz o programa de matemática? O governo! Os homens de negro do ministério da educação. É só seguir o dinheiro! Vocês sabem para que serve a matemática? para nada! nunca ninguém usou a matemática para nada no mundo real. Nunca. Então para que serve?
Porque é que o governo insiste, ano após ano, que os piores resultados académicos em portugal, são na matemática, e que é essencial reforçar os conteúdos programáticos?
Agora deixo-vos com um dilema moral:
Preferiam ter um filho toxicodependente, ou a passar a matemática?

You heard it here first!
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