Pataniscas Satânicas

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

On the Road



Eu comecei a ler o On the Road sem saber bem o que esperar. Sabia que era um clássico da literatura americana do séc. XX, mas a verdade é que sabia pouco para além disso.

O livro segue as aventuras do seu narrador, Sal Paradise, enquanto este percorre a América de costa a costa várias vezes, na maioria das vezes acompanhado por Dean Moriarty, no fim dos anos '40.

Dean Moriarty é possivelmente a personagem mais irritante que eu já li até hoje. É irresponsável, inconsequente, impulsivo, incoerente, ininteligível a maior parte do tempo, um sacana cabrão que deixa os amigos apeados, inclusive o narrador, por várias vezes ao longo do livro.

E a história, se é que lhe posso chamar isso, progride bastante da mesma maneira: sem uma linha condutora, sem enredo ou tensão dramática. É só uma sequência aparentemente aleatória de desventuras que o narrador vai vivendo.
Desde andar à boleia, andar em vagões de mercadorias, engatar miúdas, tomar muita droga, meter-se em complicações enormes sempre à custa de Dean Moriarty, apaixonar-se, passar o livro inteiro quase sem dinheiro, e sobretudo viajar pela América profunda, encontrando dezenas de pessoas e histórias pelo caminho.

O livro consegue ter algumas passagens muito interessantes quando descreve as trips de ácido pelas quais o narrador passa, que são ainda mais confusas que o resto do livro.

Mas o livro não tem história, não tem nada que nos faça querer passar à página seguinte. E é enorme, foi quase um sacrifício acabar o raio do livro.

No entanto, o que o livro faz, e muito bem, é caracterizar a geração beat que anos depois viria a dar origem ao movimento hippy.
Vemos um conjunto de personagens que representam os beatnicks, que está a tentar descobrir-se, que está a encontrar uma identidade própria, e essa identidade é completamente diferente do resto da sociedade. As ideias de flexibilidade, hedonismo, paz com o mundo e muita muita droga estão presentes, bem como uma inocência que por vezes parece ingénua, mas que seria essencial à geração hippy.

Gostei do livro, mas definitivamente não o quero ler outra vez.

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