Pataniscas Satânicas

Pataniscas Satânicas

domingo, 30 de novembro de 2014

Cyberpunk

Cyberpunk is all about the notion of a worn future, that is so antithetical to the notion of hygiene and futurism of 2001 and the Jetsons.


Let's be clear on this: the Jetsons are laughable. No doubt about it. But they are also endearing. You can't help but like them and what they represent which is a highly idealized form of perfect American Dream.

Even 2001 represents a departure from the Jetsons in that it presents you with a much colder and uncaring future and technology. The robotic housemaid in the Jetsons suddenly becomes a menacing deep red dot on a wall that speaks in a monotone.



The Jetsons represent all of our best hopes for the future, they are how we wish things would happen.
And that is why we are drawn to stuff like Cyberpunk or post-apocalyptia.
Because we see in them the leavings of this idyllic future. They are the cold hard mirrors of our hopes and dreams.

And we can't help but laugh and be cynical about the Jetsons, because we've all grown up and became just a bit more disillusioned. Enough to know that the Jetsons will never happen.
But whenever we see the old Coca-Cola ads in giant blimps in Bladerunner or the Nuka-Cola ads in billboards on destroyed highways in Fallout 3, we can't help but feel just a bit heartwarmed. Because those are the reminders of what could have been.




Things wouldn't feel quite as desolate or hopeless or bleak if the cozy outdated songs of the twenties weren't playing over the nuclear wasteland or the urban sprawl.
They are an essential part of it. Meaning that the Jetsons, and everything about the idea of them, need to have been a possibility that never happened, so that Cyberpunk and post-apocalyptia can work fully.
If you try to build Cyberpunk or post-apocalyptia without these elements of a could-have-been future that somehow became corrupted, you're not doing it right.

And in the end, Cyberpunk and post-apocalyptia come from, and represent, our fears about the future. They are, in fact, our way of dealing with these fears and face them. To make them manageable.
They are also a way to remind those in charge, and ourselves, that things can go sour very quickly.


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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Sobre o contínuo

Um dia escuro, numa sala iluminada de luzes amareladas, ouvi um Professor falar sobre merda.
Merda com sangue.

Fiz o meu caminho por entre as ondas de multidão à saída no metro, e forcei a porta de vidro automática, depois de perceber que o cartão magnético tinha escolhido o dia para embirrar comigo. ''Porque é que estou sempre atrasado para tudo?''
Estava a chover o pior tipo de chuva miudinha. Aquele que molha parvos e espertos.
Acelerei o passo, por entre a multidão de Sete Rios, até dobrar a esquina. Continuei aos ziguezagues, abrigado de varanda em varanda. Os guarda chuvas não foram feitos para mim. Perdi dezenas, até perceber isso.

Finalmente vejo a fachada do Instituto Português de Oncologia! Cheguei, e o meu cérebro decide finalmente que desculpa balbuciar, na improbabilidade de alguém questionar porque é que passam 20 minutos depois do início da aula, e eu só cheguei agora. Depois da segunda aula, é difícil convencer alguém de que andamos perdidos à procura da sala, mas a minha imaginação tem limites às 8 e meia da manhã.

Chego ao piso da Cirurgia. Vou à secretária, e pergunto se sabe onde está o Dr. Ela aponta-me uma sala à esquerda, e finalmente chega o momento. Atravesso a porta a calcular o sítio onde me vou sentar entre os colegas, enquanto finjo que o facto do Dr. ter parado de falar, não tem nada a ver comigo. Sento-me, amorfo, com olhos de carneiro mal morto, para afastar as atenções dos olhares reprovadores. Passado tempo suficiente, ele continua a falar, e eu ouço atenta e interessadamente. Onde está a folha de ponto? Porra, onde está a folha de ponto? Os meus colegas não me retribuem os olhares, e perco-me entre expressões amorfas, de carneiros mal mortos.

''... e é por isso que hematoquézias não quer dizer nada. É um termo inespecífico. Podem ser fezes com coágulos, ou fezes em cor de tijolo... E por causa de variações na velocidade do trânsito, de dificuldade na estimativa do volume, é difícil dizer a origem, ou a causa da hemorragia.''

Eu lembrava-me disto. Medicamente falando, o aspecto das fezes de alguém com suspeita de hemorragia gastrointestinal, permite ter uma ideia da localização da hemorragia. A regra em que os livros de semiologia concordavam, é que sangramento do doudeno para cima, fazia um desgraçado defecar alcatrão, e abaixo disso, uma paleta de misturas e combinações da sangue com merda, até a hemorragia ter localização no recto, e aí o desgraçado defecava o que os médicos chamam, de maneira tranquilizadora, ''sangue vivo''.

''...e é por isso, que hematoquézias não servem para nada. Os doentes fazem colonoscopias que frequentemente estão normais. E existem causas de hemorragia acima do ângulo de treitz, que podem manifestar-se por hematoquézias, se a motilidade intestinal estiver particularmente acelerada. O que os livros dizem, na prática, pode ser muito diferente. A realidade das coisas não cabe em caixas de diagnósticos. A realidade é fluída e contínua. E é assim que devem ver os doentes com hematoquézias. Podem estar a sangrar de qualquer lado, em vários metros de intestino.''

Holds true. Os psiquiatras perceberam isto há mais tempo. Muitos medicamentos, desenvolvidos originalmente para uma doença mental/neurológica, mostraram-se muito úteis em várias outras doenças mentais. Os antipsicóticos podem ajudar nas depressões profundas. Alguns anticonvulsivantes são excelentes estabilizadores do humor, ao passo que outros controlam a dor neuropática. As benzodiazepinas foram feitas para dormir e acalmar, e algumas são excelentes relaxantes musculares. Os antidepressivos podem ser usados para tratar a ansiedade, a anorexia nervosa, e mesmo a ejaculação precoce.

Muitos sintomas são contínuos que podem aparecer com intensidades variáveis em doenças diferentes. As doenças são caixas onde nem toda a gente cabe. As equações de sintomas que estão na tampa de cada caixa, não são suficientes para traduzir todas as realidades que podem decorrer de estar doente. Prova disso é existirem diagnósticos-saco, onde se arruma o que não cabe em mais lado nenhum... fadiga crónica, fibromialgia, cistite intersticial, cólon irritável, síndrome da boca queimada, manifestações somatoformes, ou o curioso conceito: ''sintomas não explicáveis medicamente''. Não sabemos o que é... mas sabemos o que não é... arranjámos uns rótulos para a nossa ignorância, e repetimos placidamente: ''é dos nervos, vizinha, é dos nervos...''

Muitas vezes não é bem claro onde uma classificação acaba e a outra começa.  2+2 são 4... mas só quase sempre... Uma epigastralgia com 2 vómitos e febre é uma gastroenterite, até ser uma pneumonia.  E a incerteza existe sempre... pode ser tolerável para alguns, mas certamente não para toda a gente.
Tudo o que podemos fazer é pensar, fundamentar as nossas escolhas, e agir de boa fé. Sabendo que podemos estar errados, e que estarmos errados, não decorre necessariamente de termos agido mal.
E saber que o papão não existe, e que a homeopatia é uma fraude.
Mas não digam estes dois últimos em voz alta.
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sábado, 15 de novembro de 2014



I'm feeling rough, I'm feeling raw, I'm in the prime of my life.
Let's make some music, make some money, find some models for wives.
I'll move to Paris, shoot some heroin, and fuck with the stars.
You man the island and the cocaine and the elegant cars.

This is our decision, to live fast and die young.
We've got the vision, now let's have some fun.
Yeah, it's overwhelming, but what else can we do.
Get jobs in offices, and wake up for the morning commute
.

Forget about our mothers and our friends
We're fated to pretend
To pretend
We're fated to pretend
To pretend

I'll miss the playgrounds and the animals and digging up worms
I'll miss the comfort of my mother and the weight of the world
I'll miss my sister, miss my father, miss my dog and my home
Yeah, I'll miss the boredom and the freedom and the time spent alone.

There's really nothing, nothing we can do
Love must be forgotten, life can always start up anew.
The models will have children, we'll get a divorce
We'll find some more models, everything must run it's course.

We'll choke on our vomit and that will be the end
We were fated to pretend
To pretend
We're fated to pretend
To pretend

Yeah, yeah, yeah
Yeah, yeah, yeah
Yeah, yeah, yeah
Yeah, yeah, yeah
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Estou velho

Eu já sabia que estava velho. É uma coisa inevitável. O mundo já está a deixar-me para trás. Mas por vezes esqueço-me, ou quero esquecer-me.  

Outras vezes sou forçado a lembrar-me.

Lembro-me de me rir da minha avó que quando falava ao telefone, falava muito alto para que a voz chegasse bem ao outro lado.

No outro dia estava a jogar Skyrim e precisava de um guia de Enchanting. Por ser muito preguiçoso decidi usar o meu smartphone para procurar na net. Por ser ainda mais preguiçoso, decidi que nem sequer queria tirar as mãos do comando da Playstation.
Carreguei apressadamente no botão para activar o reconhecimento de voz e comecei a dizer muito lentamente e claramente "SKYRIM. ENCHANT-" e o Google deu-me resultados do Skyrim.

Claro.

Senti-me adequadamente velho e disse "skyrim enchanting guide" e o google deu-me resultados.
You see, é um smartphone. É um objecto ao qual alguém achou que era apropriado apegar o adjectivo smart. Ele percebe facilmente que eu quero um skyrim enchanting guide sem que eu tenha de o gritar pausadamente.
Ninguém achou "Ah, esta pessoa merece o adjectivo smart antes do nome dela!".

Chamar-lhe um telefone ou telemóvel, já é redutor. É um pequeno computador ligado a uma rede de informação invisível que contém todo o conhecimento humano. Não precisa que eu fale pausadamente para me perceber.

"Não, avô. Já te disse dezenas de vezes: nos links de Internet só tens de pensar uma vez"
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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Man of Steel (2013)


Raios que este filme é aborrecido.

Eu geralmetne até gosto muito de filmes de super-heróis, mas este filme é particularmente aborrecido.

É difícil apontar o dedo a uma falha flagrante que torne o filme mau, mas acho que consigo dizer alguns dos aspectos.

A história não tem ritmo nenhum, é só uma sucessão de acontecimentos que, apesar de vagamente lógicos, não conseguem dar movimento à narrativa.

A personagem central, o Super-Homem não tem nenhum interesse. É perfeitamente uni-dimensional, o conflito interno é extremamente forçado. Um dia descobre que consegue voar, e é isso que vemos da sua aprendizagem.

As personagens secundárias são ainda mais aborrecidas e esquecíveis. O vilão parece e fala como um atrasado mental, as suas motivações são igualmente superficiais.

Os diálogos são sensaborões e as interpretações mecânicas e quase sem entoações.

Tive dificuldade em ver até ao fim, de tão aborrecido que era.

Quer dizer, a determinado momento o Super-Homem está algemado, e isso levanta ideias tão boas que podiam ter sido tão bem aproveitadas para fazer uma história interessante.
Mas não.
Só há prédios a rebentarem e muita porrada. Nada contra essas coisas, notem, mas... soube a muito pouco.

A banda sonora é porreira, no entanto.
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