Eu já sabia que estava velho. É uma coisa inevitável. O mundo já está a deixar-me para trás. Mas por vezes esqueço-me, ou quero esquecer-me.
Outras vezes sou forçado a lembrar-me.
Lembro-me de me rir da minha avó que quando falava ao telefone, falava muito alto para que a voz chegasse bem ao outro lado.
No outro dia estava a jogar Skyrim e precisava de um guia de Enchanting. Por ser muito preguiçoso decidi usar o meu smartphone para procurar na net. Por ser ainda mais preguiçoso, decidi que nem sequer queria tirar as mãos do comando da Playstation.
Carreguei apressadamente no botão para activar o reconhecimento de voz e comecei a dizer muito lentamente e claramente "SKYRIM. ENCHANT-" e o Google deu-me resultados do Skyrim.
Claro.
Senti-me adequadamente velho e disse "skyrim enchanting guide" e o google deu-me resultados.
You see, é um smartphone. É um objecto ao qual alguém achou que era apropriado apegar o adjectivo smart. Ele percebe facilmente que eu quero um skyrim enchanting guide sem que eu tenha de o gritar pausadamente.
You see, é um smartphone. É um objecto ao qual alguém achou que era apropriado apegar o adjectivo smart. Ele percebe facilmente que eu quero um skyrim enchanting guide sem que eu tenha de o gritar pausadamente.
Ninguém achou "Ah, esta pessoa merece o adjectivo smart antes do nome dela!".
Chamar-lhe um telefone ou telemóvel, já é redutor. É um pequeno computador ligado a uma rede de informação invisível que contém todo o conhecimento humano. Não precisa que eu fale pausadamente para me perceber.
"Não, avô. Já te disse dezenas de vezes: nos links de Internet só tens de pensar uma vez"
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