Pataniscas Satânicas

Pataniscas Satânicas

domingo, 31 de maio de 2015

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Existe uma coisa a que se pode chamar Alma!

Sim, exactamente. Uma Alma! Tudo o que você é, a essência de si, o seu espírito, o seu EU incorpóreo.



Existe! Isto não está aberto ao debate. A Alma existe, só que ainda não tínhamos percebido bem o que era, mas esteve lá o tempo todo.

E a Alma é mais do que a nossa consciência. Abrange-a completamente, e é definida por ela, mas não é a nossa consciência.

Pense...

Não, a sério, só isso.
Estava a Pensar.
A pensar, a ter ideias, a criar noções e a juntá-las umas às outras de maneira a questionar o seu ambiente e a tomar consciência de si mesmo.
E estas noções, auto-referenciais e em última análise auto-conscientes, estão a acontecer dentro do seu cérebro. Não existe nenhum outro lugar onde possam acontecer. E estão a acontecer nos muito físicos e muito orgânicos neurónios.




Milhões sobre milhões de neurónio, células eucarióticas altamente especializadas que evoluíram para receber, modular e enviar sinais. Estes sinais por acaso são de uma natureza electro-química, baseados em moléculas complexas chamadas neurotransmissores, mas nada disso realmente importa. O que importa é que os neurónios são células que transmitem informação.

Informação!
Informação é a propagação de causa e efeito dentro de um sistema.
Se a velocidade da luz é constante e impossível de ultrapassar, então o efeito vai sempre suceder-se à causa. A causalidade é a razão essencial pela qual tudo faz sentido. Não é uma pedra a ser puxada pela gravidade, nem a gravidade em si mesma. A informação não é uma coisa física, é o facto de que a pedra estava em cima e depois veio para baixo. É a passagem de escuro para luz, de quente para frio, é mudança de acordo com causalidade.



E os organismos aprenderam a usar a informação para seu proveito! Era um nicho evolutivo e valeu a pena investir nele.
Seres vivos orgânicos, tais como células, ao invés de estarem meramente sujeitos ao seu ambiente, adaptaram-se de maneira a alterar os seus comportamentos de acordo com estímulos. Fugir de oxigénio tóxico ou mover-se em direcção à luz.
Estes organismos encontraram maneiras de usar a informação de forma a sobreviver mais eficientemente.


Mas precisavam de interruptores, portões lógicos que fossem capazes de se ligar ou desligar de acordo com informação. Interruptores orgânicos que processassem a informação de luz ou escuro de um lugar para o outro e efectuassem algum tipo de mudança.
Um bocadinho de informação, um bit de informação. Luz ou escuro, 0 ou 1.


Esse foi o antecessor do primeiro neurónio. Uma célula que conseguia mudar o seu estado de acordo com estímulos, e ao fazê-lo, induzir alterações noutras células. A transmissão de informação por meios biológicos.
A comunicação entre dois neurónios chama-se sinapse. De forma simplista podemos dizer que 1 sinapse = 1 bit de informação.

E não demorou muito até que a evolução percebesse que ter MAIS neurónios era MELHOR!
E em pouco tempo tínhamos milhões de neurónios, todos interconectados entre si, a receber a modular e a enviar informação. Constantemente, sobretudo o que se passava à sua volta.

E conseguiam processar mais de que um único bit de informação.
Estima-se que ocorram entre 100.000.000.000.000 (cem triliões) e 20.000.000.000.000.000 (vinte quadriliões) de sinapses por segundo de actividade do cérebro.
Eu diria que isso parece ser um processador poderoso o suficiente para sustentar pensamentos complexos e para permitir que ideias se tornassem auto-referenciais e atingir a consciência.



Portanto, para resumir, a nossa consciência, maravilhosamente, elegantemente, diabolicamente bela e complexa, ocorre num sistema auto-referencial de informação baseado em portões de lógica neuro-químicos.

E a informação pode ser escrita. Pode ser visualizada. Vejam:

1+1=2.

"1" em si mesmo é absolutamente abstracto.
Não é 1 (uma) maçã, não é 1 (uma) cadeira. É meramente 1.
A noção e ideia de uma unidade singular de alguma coisa. Qualquer coisa, não interessa.
Uma coisa qualquer coisa mais uma coisa qualquer qualquer coisa vai sempre duas coisas qualquer. Não precisamos de saber o que quer que seja acerca qualquer coisa para saber, com certeza absoluta, que um mais um vai ser sempre dois.

Alguma vez olharam para um programa de computador em linguagem de programação?


Não é mais do que ideias. Simples ordens lógicas que iniciam e terminam e modulam processos lógicos. Não interessa que estas ordens e processos estejam a ocorrer num computador; em teoria podia-se programar com um ábaco, com sinais de fumo, com qualquer coisa que pudesse codificar informação.

E se a nossa consciência é informação, que aspecto teria se de alguma forma escrevêssemos o seu código?
Que linguagem seria usada? Quão comprida seria? Seria surpreendentemente complexa? Ou surpreendentemente simples?

E poderia ser representada visualmente. Se conseguíssemos medir cada uma das sinapses do cérebro, em tempo real, e a maneira como se relacionam entre si para formar ideias, estaríamos efectivamente a mapear a consciência. Poderíamos ver, de facto olhar, para a sua consciência a acontecer em tempo real.
Essa representação abstracta, em tempo real, seria inimaginavelmente complexa, mas seria também a representação perfeita da sua consciência nesse momento, do que é e de tudo o que poderia ser.


Isso seria apenas uma maneira de representar uma coisa que já está constantemente a acontecer. Essa rede complexa e abstracta de informação que é o código e o programa da sua consciência.
Só que não a conseguimos ver pelo que ela é.
Olhar para neurónios a dispararem seria tão informativo quanto olhar para linhas de 0s e 1s para tentar perceber o que faz um programa de computador.
Esse mapa de informação seria apenas uma representação abstracta de impulsos neuro-químicos a correr de um lado para o outro dentro do seu crânio.
Mas não é menos real por causa disso. Tão real, que a única coisa de que cada um de nós pode ter realmente a certeza é de que existe! Que a nossa consciência está a funcionar.

O que quer que essa rede inter-relacionada informação seja, é a nossa alma. Tudo o que somos ou podemos vir a ser, todas as ideias que temos ou que podíamos ter, todas as ferramentas cognitivas subconscientes de que não nos apercebemos, incorpóreas e perfeitas.
Seria perecível, baseada em hardware feito de carbono, oxigénio, hidrogénio e nitrogénio. Nada de sobrenatural acerca dela, mas seria uma alma.



E o que são o Carbono, Oxigénio, Hidrogénio e Nitrogénio senão blocos de construção do universo?

Energia transformada em matéria, feita e refeita no coração da estrelas, regida por leis que governam o próprio tempo. Hidrogénio a transformar-se em Hélio, libertando energia no processo.

Mas o oxigénio é um elemento bastante complexo, o carbono também, e o sódio e o cálcio e o ferro, e todas as outras coisas de que somos feitos.
Estes não são fruto do Big Bang, ou sequer das primeiras estrelas. 
Não não, os átomos dentro dos nossos corpos começaram como hidrogénio que passou por três forjas nucleares, sendo cozido e moldado no carbono e cálcio que vemos hoje. Estrelas nasceram e morreram para darem à luz o nosso Sol, uma estrela de segunda geração, que pudesse libertar os elementos começos que nos permitem existir.



E tudo isto, todos estes passos inimaginavelmente complexos e longos tiveram de ocorrer, inevitavelmente ocorreram, para que existissem moléculas para compor o seu cérebro e a sua consciência. 

A sua consciência é feita de pó de estrelas mortas.
A sua consciência é feita dos blocos de construção do Universo, de acordo com leis Universais. 
A consciência é feita de Universo.
O Universo tornou-se, pelo menos parcialmente, auto-consciente. 

Em si.



Você! 
Você faz parte da consciência do Universo. Você é o Universo a pensar e a questionar-se acerca de si mesmo. Você faz parte parte da alma do universo. Porque a sua alma emergiu do universo.
Isto parece espiritual, mas não é.
Isto é ciência, isto é facto, não está aberto a discussão mais do que a gravidade está aberta a discussão ou até 1+1=2.

E você é uma alma entre 7 biliões de outras almas.
Que conheçamos.




A vida parece ser uma consequência inescapável e mecanística do nosso universo. Da maneira que as leis da física funcionam, nunca poderia NÃO haver vida no nosso universo. E isso é o mesmo que dizer que a existência da nossa consciência era igualmente inevitável, e que é de facto um fenómeno de ocorrência natural do Universo.

Os mares têm ondas, os desertos têm dunas. É o que acontece se pusermos muitas pequenas moléculas redondas a interagir umas com as outras.
O Universo tem Almas. É tão inevitável quanto previsível.

E isto faz  da Alma nem mais nem menos preciosa que qualquer outro fenómeno no ùniverso. A nossa vida biológica e consciência têm o mesmo valor que pedras, gás, asteróides, estrelas, buracos negros, atómos de hidrogénio aleatórios a flutuar no espaço intergaláctico.

Somos só um fenómeno do nosso universo.

Somos a Alma do Universo.



...

E as pessoas preocupam-se em usar meias de cores iguais.


2 comentários:

  1. Não vale a pena preocupar-mo-nos em usar meias de cores iguais.
    O nosso meio socio cultultural, a nossa mãe, a nossa apetência pela simetria, fazem com que nós desejemos ter os dois pés vestidos da mesma cor. Se por outro lado queremos ser rebeldes, ou criar uma moda nova, ou se somos simplesmente distraídos, podemos usar meias de cores diferentes.
    Portanto, mais vale obedecer às nossas causas e usar meias iguais, ou obedecer ás nossas causas e usar meias diferentes.
    O que não vale a pena é chatear-mo-nos por causa disso.
    A não ser que as nossas causas nos inclinem nesse caminho. Aí vamos chatear-nos.
    Podemos baixar os braços e não fazer nada em frustração, mas o baixar os braços seria causado pela frustração, determinado e previsível.
    Para equilibrar, queremos um post sobre mecânica quântica.
    A minha Alma quer ver Deus a jogar aos dados, para sair desta monotonia da causa efeito!

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  2. Um post sobre mecânica quântica, para o senhor de ar confuso da mesa do canto, coming right up!

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