A Singularidade é uma metáfora perfeita para o que não sabemos.
Originalmente, a singularidade refere-se ao centro de um buraco negro. Um local real, onde as leis da física deixam de fazer sentido. O tempo e o espaço são deformados infinitamente, o que quer que isso queira dizer.
Como se pode ver na imagem, a gravidade de um buraco negro deforma a luz de maneira radical. O ''negro'' do buraco negro, refere-se ao ponto a partir do qual a gravidade é tão forte, que nem a luz lhe consegue fugir. Chama-se a isto ''horizonte de eventos'' ou ponto de não retorno. Ninguém de lá voltou ainda. (ninguém foi lá, também, porque o buraco negro conhecido mais próximo da Terra fica um bocado fora de mão... 1600 anos luz da terra)
Segundo a teoria da relatividade geral, um buraco negro deforma o espaço-tempo da seguinte maneira:
Isto significa um efeito engraçado, para o que quer que se aproxime do buraco negro. O fenómeno da 'esparguetificação'. A força gravitacional de dimensão inimaginável produz um efeito de 'esticar' os objectos como se estes fossem esparguete.
Como podem imaginar, isto da 'esparguetificação', não é uma coisa muito saudável para os nossos órgãos internos, a dada altura.
Engraçado é o facto da teoria da relatividade geral ter previsto há muito tempo a existência da buracos negros, mas o próprio Einstein não acreditava que poderiam existir. Pareciam-lhe demasiado estranhos.
Porque são! À medida que nos aproximamos de um buraco negro, o tempo desacelera. Por difícil que seja imaginar, o tempo é afectado pela gravidade. A força que nos deita em cima do sofá, torna a passagem do tempo mais lenta. O tempo passa mais lentamente para quem está no primeiro andar, em relação a quem está no décimo primeiro. É um dos motivo pelo qual se chama o espaço-tempo. O tempo e espaço estão ligados. Pela gravidade.... Eu sei. Parece estranho. Porque não percebo nada de matemática....
Por isso, à medida que nos aproximamos de um buraco negro, o relógio anda exponencialmente mais devagar. Isso faz com que quem nos vê de fora, não nos consiga ''ver'' cair num buraco negro. A nossa imagem mantém-se no campo visual deles, durante muitos anos, enquanto para nós passam algumas horas.
É também o motivo pelo qual um buraco negro parece uma ''lente''. O que acontece é que a gravidade desacelera a tempo que a luz leva a passar perto de um buraco negro. Não desacelera a luz. A velocidade da luz é constante. Desacelera a passagem do tempo, no espaço que a luz está a atravessar.
Hoje em dia é consenso científico que os buracos negros existem. A realidade é mais estranha que a ficção. Mas a ficção continua em esforço para tentar ultrapassar a realidade.
Nomeadamente no que diz respeito à possível existência de Buracos de Verme (Wormholes). 'Dobras' no espaço-tempo, provocadas pela gravidade, que teoricamente permitem viajar mais depressa que a luz. Existe suporte matemático para a existência de Buracos de Verme, mas poucas (ou nenhumas), evidências observacionais directas. A dada altura a teoria da relatividade esteve nesta fase.
Caso existam, viajar através deles, significa aceder ao 'Hiperespaço', onde viagens mais rápidas que a velocidade da luz são possíveis.
Acho que esta imagem da possibilidade ajuda a acreditar. Porque eu quero acreditar. É tão fixe a ideia. Outra coisa que ajuda, é deixar de lhes chamar 'buracos de verme'. Vamos começar a usar o nome técnico 'Pontes de Einstein-Rosen'. Muito melhor! Pontes de Einstein-Rosen têm de existir!
O facto é que ninguém sabe o que está para lá do horizonte de eventos. Pode ser uma morte lenta por 'esparguetificação', pode ser uma viagem para um universo paralelo.
Pode ser o que a nossa imaginação quiser. E é isso que significa, hoje em dia, a Singularidade. Um momento/lugar no espaço-tempo a partir do qual, não temos dados suficientes para saber o que acontece a seguir, a não ser que nos desloquemos até lá.
E nós colocamos lá as nossas maiores esperanças, mas também os nossos maiores medos. Viagens mais rápidas do que a luz, para universos paralelos, ou o nosso fim definitivo.
Isto não serve para muita coisa prática. MAS, agora já sabem o que quer dizer quando alguém diz que viajou do futuro pelo Hiperespaço, através de uma ponte de Einstein-Rosen, para vos dizer que têm de ir com essa pessoa, se quiserem viver.
Quer dizer que está na hora de chamar a Psiquiatria.
O 'Buraco de Verme' do filme Interstellar.
Mais recentemente, a Singularidade tem vindo a ser adoptada como metáfora para um acontecimento que muitos dizem ser inevitável, mas talvez não desejável. O advento da 'Singularidade Tecnológica'.
O momento da história a partir do qual, os computadores serão capazes de 'auto-melhoramento recursivo'. Refere-se à evolução da inteligência artificial até ao ponto em que um computador adquire a capacidade independente de programar outros computadores melhor do que ele próprio. E/ou a capacidade de conceber e construir outros computadores superiores a ele próprio.
Partindo do princípio que o computador não é preguiçoso, isto vai desencadear um loop de auto melhoramento da tecnologia, provavelmente exponencial, independente da intervenção humana. Se é independente da intervenção humana, não fazemos ideia da direcção que vai tomar. Estamos cegos para além deste 'ponto de não retorno', deste horizonte de eventos.
Desta Singularidade Tecnológica. Não sabemos o que vai acontecer. Então, projectamos lá os nossos maiores sonhos e expectativas. Mas também os nossos pesadelos.
Na segunda parte deste post, os palpites que os seres humanos têm dado, para a era pós Singularidade Tecnológica! (Os computadores têm feito cara de póquer em relação ao assunto)
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Originalmente, a singularidade refere-se ao centro de um buraco negro. Um local real, onde as leis da física deixam de fazer sentido. O tempo e o espaço são deformados infinitamente, o que quer que isso queira dizer.
Como se pode ver na imagem, a gravidade de um buraco negro deforma a luz de maneira radical. O ''negro'' do buraco negro, refere-se ao ponto a partir do qual a gravidade é tão forte, que nem a luz lhe consegue fugir. Chama-se a isto ''horizonte de eventos'' ou ponto de não retorno. Ninguém de lá voltou ainda. (ninguém foi lá, também, porque o buraco negro conhecido mais próximo da Terra fica um bocado fora de mão... 1600 anos luz da terra)
Segundo a teoria da relatividade geral, um buraco negro deforma o espaço-tempo da seguinte maneira:
Isto significa um efeito engraçado, para o que quer que se aproxime do buraco negro. O fenómeno da 'esparguetificação'. A força gravitacional de dimensão inimaginável produz um efeito de 'esticar' os objectos como se estes fossem esparguete.
Como podem imaginar, isto da 'esparguetificação', não é uma coisa muito saudável para os nossos órgãos internos, a dada altura.
Engraçado é o facto da teoria da relatividade geral ter previsto há muito tempo a existência da buracos negros, mas o próprio Einstein não acreditava que poderiam existir. Pareciam-lhe demasiado estranhos.
Porque são! À medida que nos aproximamos de um buraco negro, o tempo desacelera. Por difícil que seja imaginar, o tempo é afectado pela gravidade. A força que nos deita em cima do sofá, torna a passagem do tempo mais lenta. O tempo passa mais lentamente para quem está no primeiro andar, em relação a quem está no décimo primeiro. É um dos motivo pelo qual se chama o espaço-tempo. O tempo e espaço estão ligados. Pela gravidade.... Eu sei. Parece estranho. Porque não percebo nada de matemática....
Por isso, à medida que nos aproximamos de um buraco negro, o relógio anda exponencialmente mais devagar. Isso faz com que quem nos vê de fora, não nos consiga ''ver'' cair num buraco negro. A nossa imagem mantém-se no campo visual deles, durante muitos anos, enquanto para nós passam algumas horas.
É também o motivo pelo qual um buraco negro parece uma ''lente''. O que acontece é que a gravidade desacelera a tempo que a luz leva a passar perto de um buraco negro. Não desacelera a luz. A velocidade da luz é constante. Desacelera a passagem do tempo, no espaço que a luz está a atravessar.
Hoje em dia é consenso científico que os buracos negros existem. A realidade é mais estranha que a ficção. Mas a ficção continua em esforço para tentar ultrapassar a realidade.
Nomeadamente no que diz respeito à possível existência de Buracos de Verme (Wormholes). 'Dobras' no espaço-tempo, provocadas pela gravidade, que teoricamente permitem viajar mais depressa que a luz. Existe suporte matemático para a existência de Buracos de Verme, mas poucas (ou nenhumas), evidências observacionais directas. A dada altura a teoria da relatividade esteve nesta fase.
Caso existam, viajar através deles, significa aceder ao 'Hiperespaço', onde viagens mais rápidas que a velocidade da luz são possíveis.
Acho que esta imagem da possibilidade ajuda a acreditar. Porque eu quero acreditar. É tão fixe a ideia. Outra coisa que ajuda, é deixar de lhes chamar 'buracos de verme'. Vamos começar a usar o nome técnico 'Pontes de Einstein-Rosen'. Muito melhor! Pontes de Einstein-Rosen têm de existir!
O facto é que ninguém sabe o que está para lá do horizonte de eventos. Pode ser uma morte lenta por 'esparguetificação', pode ser uma viagem para um universo paralelo.
Pode ser o que a nossa imaginação quiser. E é isso que significa, hoje em dia, a Singularidade. Um momento/lugar no espaço-tempo a partir do qual, não temos dados suficientes para saber o que acontece a seguir, a não ser que nos desloquemos até lá.
E nós colocamos lá as nossas maiores esperanças, mas também os nossos maiores medos. Viagens mais rápidas do que a luz, para universos paralelos, ou o nosso fim definitivo.
Isto não serve para muita coisa prática. MAS, agora já sabem o que quer dizer quando alguém diz que viajou do futuro pelo Hiperespaço, através de uma ponte de Einstein-Rosen, para vos dizer que têm de ir com essa pessoa, se quiserem viver.
Quer dizer que está na hora de chamar a Psiquiatria.
O 'Buraco de Verme' do filme Interstellar.
Mais recentemente, a Singularidade tem vindo a ser adoptada como metáfora para um acontecimento que muitos dizem ser inevitável, mas talvez não desejável. O advento da 'Singularidade Tecnológica'.
O momento da história a partir do qual, os computadores serão capazes de 'auto-melhoramento recursivo'. Refere-se à evolução da inteligência artificial até ao ponto em que um computador adquire a capacidade independente de programar outros computadores melhor do que ele próprio. E/ou a capacidade de conceber e construir outros computadores superiores a ele próprio.
Partindo do princípio que o computador não é preguiçoso, isto vai desencadear um loop de auto melhoramento da tecnologia, provavelmente exponencial, independente da intervenção humana. Se é independente da intervenção humana, não fazemos ideia da direcção que vai tomar. Estamos cegos para além deste 'ponto de não retorno', deste horizonte de eventos.
Desta Singularidade Tecnológica. Não sabemos o que vai acontecer. Então, projectamos lá os nossos maiores sonhos e expectativas. Mas também os nossos pesadelos.
Na segunda parte deste post, os palpites que os seres humanos têm dado, para a era pós Singularidade Tecnológica! (Os computadores têm feito cara de póquer em relação ao assunto)