Algas vermelhas? Plantas que estão sobretudo mortas? Árvores pornográficas?
Vamos falar sobre isso!
As plantas são estranhas.
Não, a sério, já pensaram nas plantas? Estão sempre ali, paradas e verdes. Confundem-se com o cenário. Raios, na maior parte das vezes SÃO o cenário.
Apontar que as plantas são seres vivos parece uma inutilidade, porque todos nós sabemos que são seres vivos. Mas é daqueles factos que registámos nosso cérebro animal quando ainda éramos crianças e que nunca mais voltámos a olhar para ele.
E isso faz com que haja o risco de nos esquecermos realmente de que as plantas não só estão vivas, como são das coisas mais radicalmente diferentes de animais que podemos ver a olho nu.
Claro que a fotossíntese, que toda a gente atribui (não-erradamente) às plantas, não começou com as plantas.
A fotossíntese, esse processo bioquímico mágico pelo qual organismos são capazes de transformar elementos inorgânicos como a água e o dióxido de carbono em elementos orgânicos como açúcares à custa da energia solar provavelmente já existe desde há 3,4 biliões de anos.
Muitos, muitos incontáveis pequeninos seres vivos usaram a luz do sol e a fotossíntese para sintetizarem moléculas orgânicas antes de sequer começarmos a ouvir falar em plantas.
Protistas e cianobactérias compunham tapetes microbianos que flutuavam em cima de poças de água mais do que pré-históricas, e iam lentamente libertando oxigénio para a atmosfera. Muito lentamente, mas tantos e durante tanto tempo (cerca de 1 bilião de anos) que acabaram por levar à Grande Crise do Oxigénio, um dos primeiros e mais importantes eventos de extinção massiva, responsável por estarmos cá hoje.
Eventualmente, dados mais uns bons 2 biliões de anos, esses pequenos organismos começaram a conseguir organizar-se e formaram as primeiras algas.
Para começar todas as plantas que vemos a olho nu evoluíram a partir de algas verdes há cerca de 510-630 milhões de anos atrás, e seriam semelhantes ao seu antecessor comum mais recente, os Charales.
Provavelmente eram, como os Charales, algas filamentosas ramificadas que viviam em poças de água doce que secavam sazonalmente. Estas condições pressionaram evolutivamente estas algas verdes a mudarem-se para terra e iniciarem o que hoje chamamos Plantas.
Isso terá acontecido há cerca de 450 milhões de anos, durante o Ordoviciano. Por essa altura as nossas plantas não passavam de musgos e hepáticas*, e muito certamente limitavam-se às zonas que circundavam essas poças de água pré-históricas.
Ainda tinham muito que aprender, nomeadamente como transportarem água dentro das suas estruturas para não estarem tão dependentes da água ambiental.
Durante o Devoniano (419 a 358 milhões de anos atrás) vemos uma explosão de diversidade de plantas, acompanhada de perto por uma igual explosão de diversidade dos artrópodes, que as acompanharam na sua conquista da terra.
É durante este período que as plantas evoluem verdadeiras raízes e folhas, sendo extremamente comuns os fetos e outras plantas semelhantes.
É no fim do Devoniano que surgem as primeiras plantas com madeira verdadeira e sementes, e é nesta fase que as relações de cooperação entre plantas e insectos que espalham as suas sementes se forma.
Sobretudo à custa da evolução da capacidade de criar madeira, as plantas espalham-se pelo planeta todo e vão capturando cada vez mais dióxido de carbono atmosférico e aumentando o conteúdo de Oxigénio na atmosfera.
E vocês já sabem que isso leva a baratas gigantes e ao Período Carbonífero.
Esta coisa da madeira é interessante.
Basicamente as plantas precisam de três recursos. Água, dióxido de carbono e luz.
A partir de líquido, gás e radiação as plantas são capazes de gerar toneladas e toneladas e açúcares complexos que as sustentam.
Porque no mundo das plantas, em que todos os recursos estão na atmosfera e no solo, não é preciso andar para os obter. As principais pressões evolutivas são para terem mais raízes (mais água), e serem mais altas (mais luz).
As maiores plantas que existem, as Sequoias Gigantes, crescem a uma altura média de 50-85 metros, podendo pesar até 1,2 milhões Kg.
O que para mim é fascinante é que numa árvore desse género, só cerca de 1% da planta é que está propriamente viva. Para além das folhas e das raízes, há apenas uma fina camada de células debaixo da casca, chamada Cambium.
Toda a restante madeira que a suporta é matéria orgânica inerte, sem actividade metabólica. São células mortas que deixaram para trás o seu esqueleto de celulose.
Vamos falar sobre isso!
As plantas são estranhas.
Não, a sério, já pensaram nas plantas? Estão sempre ali, paradas e verdes. Confundem-se com o cenário. Raios, na maior parte das vezes SÃO o cenário.
Apontar que as plantas são seres vivos parece uma inutilidade, porque todos nós sabemos que são seres vivos. Mas é daqueles factos que registámos nosso cérebro animal quando ainda éramos crianças e que nunca mais voltámos a olhar para ele.
E isso faz com que haja o risco de nos esquecermos realmente de que as plantas não só estão vivas, como são das coisas mais radicalmente diferentes de animais que podemos ver a olho nu.
Claro que a fotossíntese, que toda a gente atribui (não-erradamente) às plantas, não começou com as plantas.
A fotossíntese, esse processo bioquímico mágico pelo qual organismos são capazes de transformar elementos inorgânicos como a água e o dióxido de carbono em elementos orgânicos como açúcares à custa da energia solar provavelmente já existe desde há 3,4 biliões de anos.
Muitos, muitos incontáveis pequeninos seres vivos usaram a luz do sol e a fotossíntese para sintetizarem moléculas orgânicas antes de sequer começarmos a ouvir falar em plantas.
Protistas e cianobactérias compunham tapetes microbianos que flutuavam em cima de poças de água mais do que pré-históricas, e iam lentamente libertando oxigénio para a atmosfera. Muito lentamente, mas tantos e durante tanto tempo (cerca de 1 bilião de anos) que acabaram por levar à Grande Crise do Oxigénio, um dos primeiros e mais importantes eventos de extinção massiva, responsável por estarmos cá hoje.
Eventualmente, dados mais uns bons 2 biliões de anos, esses pequenos organismos começaram a conseguir organizar-se e formaram as primeiras algas.
Rodófitas (algas vermelhas), Glaucófitas (algas que eu vou dizer que são azuis) e Clorófitas (algas verdes) |
Provavelmente eram, como os Charales, algas filamentosas ramificadas que viviam em poças de água doce que secavam sazonalmente. Estas condições pressionaram evolutivamente estas algas verdes a mudarem-se para terra e iniciarem o que hoje chamamos Plantas.
Isso terá acontecido há cerca de 450 milhões de anos, durante o Ordoviciano. Por essa altura as nossas plantas não passavam de musgos e hepáticas*, e muito certamente limitavam-se às zonas que circundavam essas poças de água pré-históricas.
Ainda tinham muito que aprender, nomeadamente como transportarem água dentro das suas estruturas para não estarem tão dependentes da água ambiental.
Plantas com ar primitivo. |
É durante este período que as plantas evoluem verdadeiras raízes e folhas, sendo extremamente comuns os fetos e outras plantas semelhantes.
É no fim do Devoniano que surgem as primeiras plantas com madeira verdadeira e sementes, e é nesta fase que as relações de cooperação entre plantas e insectos que espalham as suas sementes se forma.
Sobretudo à custa da evolução da capacidade de criar madeira, as plantas espalham-se pelo planeta todo e vão capturando cada vez mais dióxido de carbono atmosférico e aumentando o conteúdo de Oxigénio na atmosfera.
E vocês já sabem que isso leva a baratas gigantes e ao Período Carbonífero.
Esta coisa da madeira é interessante.
Basicamente as plantas precisam de três recursos. Água, dióxido de carbono e luz.
A partir de líquido, gás e radiação as plantas são capazes de gerar toneladas e toneladas e açúcares complexos que as sustentam.
Porque no mundo das plantas, em que todos os recursos estão na atmosfera e no solo, não é preciso andar para os obter. As principais pressões evolutivas são para terem mais raízes (mais água), e serem mais altas (mais luz).
As maiores plantas que existem, as Sequoias Gigantes, crescem a uma altura média de 50-85 metros, podendo pesar até 1,2 milhões Kg.
O que para mim é fascinante é que numa árvore desse género, só cerca de 1% da planta é que está propriamente viva. Para além das folhas e das raízes, há apenas uma fina camada de células debaixo da casca, chamada Cambium.
Toda a restante madeira que a suporta é matéria orgânica inerte, sem actividade metabólica. São células mortas que deixaram para trás o seu esqueleto de celulose.
Neste aspecto são muito semelhantes aos Corais, que são comunidades de pequenos animais (os pólipos), que vão construindo enormes estruturas de calcário inorgânico que acaba por servir de esqueleto à sua enorme estrutura.
Da próxima vez que olharem para uma árvore, pensem que é um coral terrestre, e vão perceber como as plantas começam a parecer estranhas
Da próxima vez que olharem para uma árvore, pensem que é um coral terrestre, e vão perceber como as plantas começam a parecer estranhas
Outro problema interessante que as plantas tiveram de resolver, e que os corais resolveram de maneira surpreendentemente semelhante, foi o da reprodução.
Porque se um organismo evoluiu para nunca se mexer do mesmo lugar porque todos os recursos necessários para viver podem ser obtidos sem que ele se mexa, então a reprodução torna-se um bocadinho mais complicada.
A maneira mais simples de as plantas se fertilizarem umas às outras, sem recorrer a insectos itnermediários, é simplesmente lançar as suas células reprodutoras masculinas ao vento e esperar que aterrem numa outra planta fértil.
O Pólen é o equivalente literal dos espermatozóides dos animais.
As árvores e as flores libertam Pólen para o ar, e deixam que o vento espalhe as suas células reprodutoras pela atmosfera.
Espermatozóides de plantas |
Basicamente é a altura em que todas as plantas, árvores e flores, ejaculam em conjunto para o ar, cobrindo-se umas às outras de células reprodutoras, numa grande festa de fertilidade.
Splooge |
Nós, os animais, não temos outro remédio senão andar a levar com as células reprodutoras das árvores na cara.
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