Pataniscas Satânicas

Pataniscas Satânicas

quinta-feira, 12 de maio de 2016

O futuro não é o que costumava ser - O Espaço volta a ser uma fronteira

"Now, somehow, in some new way, the sky seemed almost alien."
- Lyndon B. Johnson


O que é que aconteceu na exploração espacial, depois do homem ir à Lua?
Pouco. Não voltámos sequer a aterrar na Lua desde o início dos anos setenta. Sonhámos durante décadas com uma expedição a Marte. Mas na prática, enviámos umas sondas, colocamos em órbita uns satélites e uns telescópios. Construímos a estação espacial.



Não vou dizer que a estação espacial não é impressionante. Mas os russos colocaram uma estação espacial em órbita há 30 anos. Não se pode dizer que seja uma inovação...
É estranho. 
Porque parámos? Porque é que o espaço saiu do nosso imaginário?

Bem, a resposta é porque não gera lucros no curto prazo. Só exploramos o espaço porque os EUA estavam envolvidos numa guerra (fria) com a URSS. Chamava-se a corrida espacial por um motivo. E foi este viajante que deu o sinal de partida. 


Os russos foram os primeiros a chegar ao espaço. Lançaram um míssil balístico intercontinental, que colocou um satélite em órbita - Sputnik (russo para fellow traveler). Mas o lugar deste passageiro foi criado para carregar uma ogiva nuclear. Os americanos entenderam aqui uma mensagem. A mensagem era que potencialmente, uma ogiva nuclear russa podia estar a passear por cima da cabeça deles.

''For space science, like nuclear science and all technology, has no conscience of its own. Whether it will become a force for good or ill depends on man, and only if the United States occupies a position of pre-eminence can we help decide whether this new ocean will be a sea of peace or a new terrifying theater of war.''
- John F. Kennedy

Sputnik lançado em 1957. NASA fundada em 1958. Foi o medo dos Russos que fez com que os Americanos se lançassem na exploração espacial. Em 1972, depois de se tornar claro que os Russos não tinham capacidade de ir à Lua, os Americanos, terminaram o programa Apollo. Os planos para ir a Marte foram postos na gaveta. O fim da Guerra Fria colocou mais um prego no caixão da exploração espacial. 




Uma ameaça à segurança é um excelente motivador para mobilizar uma nação por detrás de um objectivo. Normalmente esse objectivo é destruir a ameaça. No caso da Guerra fria, como o confronto directo era impossível (sem provocar o apocalipse), a guerra fez-se de feitos de engenharia e exploração, e de corrida a armamento.

Assim se explica que nos anos 60 quando um computador ocupava um armazém, uma nação conseguiu ir à Lua, e hoje, quando o meu smartphone me permite aceder a praticamente todo o conhecimento da humanidade, não enviamos naves tripuladas para mais longe do que a nossa órbita.

A guerra fria acabou. E depois disso, começamos a perguntar-nos se valia a pena gastar tanto dinheiro em foguetões.




Porquê ir ao espaço, quando há criancinhas a passar fome na terra?

Há outros argumentos, mas este é o principal. É irritante, porque podemos perguntar: ''Porquê fazer o que quer que seja, quando há criancinhas a passar fome na terra?''

Vocês têm sapatos calçados? Porquê? Se há criancinhas a passar fome?

Além de que muitos que avançaram este argumento, tinham dois pesos e duas medidas nestas questões...


Pois é. 

O 
preço do programa espacial Apollo, que colocou o homem na Lua, foi de 100 biliões de dólares (ajustados à inflação - em 1972 - 20 biliões). Em contraste, o preço da Guerra do Iraque (2003) foi mais de 2000 biliões de dólares. Sem falar das dezenas de milhares de mortos.

Pelo preço de uma guerra do Iraque, a humanidade poderia pagar 20 programas Apollo. Ou então uma carrada de cuecas de ouro.

Esta comparação não é inocente. No novo milénio, a exploração espacial já não serve para inspirar a humanidade. Depois do ano 2000, a exploração espacial tem como objectivo atirar areia para os olhos da humanidade. Cosmética. Conversa.

Andar na Lua foi um salto de gigante para a humanidade. Mas se não vamos voltar, nem vamos a mais lado nenhum, mais valia termos estado quietos. 

Então porque é que estou a escrever isto? Porque há boas notícias!

A SpaceX, uma empresa dirigida pelo empresário Elon Musk, tem sido responsável por avanços impressionantes em viagens de foguetão. Em 2010, tornou-se na primeira empresa a lançar um foguetão para reabastecer a estação espacial internacional, com sucesso.


A ideia dele era enviar ratos para Marte.


Há ideia mais fixe que esta?


Bom, os Russos não o levaram a sério, e Musk começou a planear construir um foguetão de raiz.


O falcon 9 é espectacular, mas o que trouxe de novo?

Um dos problemas com o voo em foguetão sempre foi o facto dos foguetões serem caros. E de utilização única. Imaginem construir o melhor avião que conseguem imaginar, usar uma vez, e depois deitar fora.

A NASA tinha tentado resolver este problema com o vaivém espacial.


Mas só conseguiu parcialmente. Estão a ver o foguetão laranja, que leva o vaivém? Não é reaproveitável, e é essencial para colocar o vaivém em órbita.

A regra de um foguetão = uma utilização, manteve-se até ao dia 21 de Dezembro de 2015. Depois de várias tentativas falhadas, a SpaceX conseguiu aterrar um foguetão.



Poucos meses depois, conseguiu aterrar um falcon 9 numa plataforma no meio do oceano.


Este avanço pode tornar as viagens para o espaço muito mais baratas. Possibilitar o turismo espacial, num futuro próximo. E segundo Elon Musk, facilitar a tarefa de levar ratos a Marte.

E seres humanos também.

Pode ser mais cedo do que nós pensamos. Este outono a SpaceX vai divulgar quão cedo.


Lembram-se dos vossos pais a descreverem o que estavam a fazer, e o que acontecia na vida deles quando o Homem foi à Lua? A incredulidade, o espanto e o fascínio que marcaram uma geração?

Pode ser que o momento que nós vamos contar aos nossos filhos aconteça na próxima década!


Now, wouldn't that be cool?

2 comentários:

  1. Há aqui um salto importante que vai acontecer quando as grandes corporações perceberem que explorar o espaço é rentável.
    Há por aí por fora muitos minerais e recursos a flutuar, só à espera de serem pescados.

    Ao início foi uma corrida ao espaço motivada pelo belicismo e dominância tecnológica, a próxima corrida vai ser motivada pelo lucro!

    Mas, nessa linha de pensamento, é muito mais barato enviar robots do que pessoas.
    As estrelas pertencem às Inteligências Artificiais.

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    1. E nao será essa a resposta à pergunta sobre onde estao os extraterrestres? Os extraterrestres estao a construir inteligencias artificiais! E as inteligencias artificiais extraterrestres nao estao interessadas em nos encontrar, pq sabem que nos somos só uma maneira de construir inteligencias artificiais! Just follow the money! :)

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