Viram o Gato Preto Gato Branco.
Lembram-se do avô cigano, aquele que morre no dia do casamento? No filme chama-se Grga Pitic.
Esse cigano entrou-me no serviço há três dias. Vou chamar-lhe Grga Pitic na mesma.
Grga é um velho rabujento, rezingão, apelativo, cheio de manha. Sabe exactamente quando se queixar de dores e quando estar calmo e pedir as coisas com jeitinho.
Mas quando era jovem, Grga Pitic contrabandeou cigarros nos mares da Indonésia, com piratas de singapura. Roubou vagões de comboio cheios de whisky escocês em vilas nos arredores de Belgrado.
Grga Pitic trapaceou os Reis da Holanda a comprarem jóias falsas, que na realidade tinham sido roubadas à casa Real do Sião, mas ele não sabia isso.
Grga Pitic pôs bombas nas linhas de comboio de abastecimento dos batalhões alemães durante a segunda guerra mundial, e ninguém lhe deu crédito por isso. Em vez disso foi acusado de ter posto bombas nas linhas de comboio de abastecimento de batalhões alemães e levou uma tareia por causa disso.
Tocou violino para casais ricos em Viena, enquanto os filhos lhes roubavam os bolsos, e vendeu passaportes falsos em Casablanca.
Lançou maldições e feitiços em parvos que iam acreditar nelas.
Grga Pitic vendeu urina à minha avó, depois de a ter convencido de que era perfume.
Não sei se estas coisas são verdade, gostava de imaginar que sim.
O que sei é o seguinte.
No meio da confusão e agitação geradas pelo nevoeiro da dor e do haloperidol, Grga Pitic teve o discernimento de pedir que lhe trouxessem a mulher, doente acamada em casa, para se poder despedir dela.
Hoje escrevi na pasta de Grga Pitic "não reanimar".
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