Pataniscas Satânicas

Pataniscas Satânicas

domingo, 21 de dezembro de 2014

Solstício de Inverno

É inverno.

Os dias são frios, escuros.
Há menos renas, há menos mamutes, há menos bagas.

A tribo esconde-se na caverna, à volta da fogueira. As noites são longas e ameaçadoras. O uivo de predadores ouve-se à distância.

As estrelas, impossivelmente brilhantes, inatingivelmente misteriosas, induzem espanto e medo que nunca se reduziria realmente.

Mas as noites ficam mais longas. Cada vez mais longas. Primeiro imperceptivelmente, depois obviamente.
O velho sábio mede as estrelas, mede o sol. Não há dúvida. O sol está cada vez menos tempo no céu. Está cada vez mais frio.



E se não voltar? E se os dias continuarem a ficar cada vez mais curtos e frios, até não haver nada a não ser escuridão e frio e morte?
É altura de matar os animais, para que os grãos e bagas sirvam para alimentar a tribo durante o frio e a escuridão. Eram os meses da fome, da doença e da morte.

Mas e se o Sol nunca mais voltar?

É preciso fazer alguma coisa, antes que seja tarde de mais. É preciso fazer alguma coisa para o mundo não acabar e não morrermos todos! É preciso fazer o sol voltar!

Acendem-se fogueiras. Sacrifica-se um animal. Sacrifica-se um de nós.
É preciso fazer qualquer coisa.


Mas funcionou. Passados alguns meses o Sol voltou, as neves regressam para de onde vieram e a relva começa a crescer. As renas e os mamutes voltam.

Para o ano é preciso voltar a acender as fogueiras. Não podemos deixar que o Sol desapareça.


É um dos mitos que temos, actualmente. Que as festividades de inverno, que o acender das fogueiras, os rituais eram isso. Festividades.

Não eram.

Não eram uma festa, não era porque era bonito ou engraçado. Nem sequer era porque fazia parte dos costumes ou rituais.

Era magia. E era magia porque se essa Magia não acontecesse, o mundo parava.

Os povos e culturas do paleolítico, neolítico, e até muito muito tarde, acreditavam num mundo que precisava de Magia para continuar a funcionar. Acreditavam que as suas magias e rituais e sacrifícios e fogueiras eram necessários para que o Sol continuasse a circular no céu, e para que depois do inverno viesse a primavera.

O mundo precisava da ajuda da magia para continuar a rodar.

Superstição, crença, magia, rituais, religião...

Feliz Solstício de Inverno


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