Pataniscas Satânicas

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sábado, 11 de julho de 2015

Casar os Homossexuais e Moralizar o Aborto

Finalmente todos concordamos! Os Homossexuais devem poder casar! Boa! De resto, desde 2010 que isto é uma realidade em Portugal. Mas agora os americanos chegaram à mesma conclusão, portanto está na altura de eu mudar a minha foto de perfil do facebook para um arco íris alegre.


Nem toda a gente concordou com a legalização dos casamentos homossexuais na altura.

That was so 2010.... Mas agora que estamos em 2015, há ideias novas!

Esta gente progressista que é contra o estado intervir na vida das pessoas de qualquer maneira, a não ser para dizer aos cidadãos o que podem ou não podem fazer com os seus órgãos genitais e reprodutivos, anda com uma ideia metida na cabeça desde há algum tempo... Querem veicular ideologia através de restrições orçamentais.

Será que o estado deve cobrar 60 euros para as mulheres com gravidezes não desejadas poderem abortar em segurança?

Sem querer parecer tocado por ideias conspiratórias, chamo a atenção para esta página do Público, onde várias entidades trocam argumentos contra ou a favor as taxas moderadoras. Temos figuras 'de monta' (Pun!) a defender as taxas moderadoras com o Bastonário da Ordem dos médicos, o Prof Dr Luís Graça de Santa Maria e o Dr Miguel Oliveira e Silva (ex presidente da comissão de ética da universidade de lisboa). Contra as taxas moderadoras temos instituições das quais nunca tinha ouvido falar, não pessoas.

O relatório da Inspecção Geral de Actividades em Saúde, dizia em 2012:

''seria de equacionar o pagamento de uma taxa moderadora no caso das interrupções voluntárias de gravidez “recidivadas”. Esta medida, justificavam, teria “um efeito moralizador” no acesso à IVG'' (Público)

Fico um pouco com a impressão que a comunicação social, e a maior parte da população será pela introdução de taxas moderadoras.

Pergunto-me porque é que isto não tinha sido tido em conta antes? O que mudou?

Para mim mudaram estas coisas: A crise começou e continua (apesar de suavizada em 2015 em tons pré eleitorais), o escrutínio paranóico das despesas veio para ficar, e a solidariedade entre camadas da população tem desaparecido com cada apontar de dedo: ''Não quero que os meus impostos sirvam para isso!''

Além de que é um facto que vemos muitas mulheres abortarem várias vezes, repetidamente. E não gostamos disso. Ninguém gosta. Alguns de nós começam a pensar que elas são irresponsáveis, lascivas, descuidadas, e pior que tudo, não querem saber do erário público. Andam a abortar como se fossemos um país rico, quando somos um país pobre. Continua o ''regabofe''.

É uma visão pateta das mulheres que se vêem forçadas a abortar.


Acho que faz falta lembrar que a razão pela qual há tantos abortos talvez seja precisamente o facto de Portugal ser um País pobre. Um país pobre com um estado rico.

Eu assisti a muitas consultas de IVG. Ninguém lá está satisfeito. Não é uma actividade agradável. Talvez um factor importante seja o facto de muitas mulheres viverem em condições de pobreza, e naturalmente, são as faixas populacionais mais pobres que se vêm forçadas mais frequentemente a abortar. Vi mulheres jovens, dependentes financeiramente dos pais, e que queriam uma IVG, serem pressionadas pelos pais para não abortarem. E vi o contrário.

Ensinaram-me a não me meter nas decisões das pessoas nestas questões. E eu não me meto. Tento influenciar o mínimo. E acho que deve ser uma decisão tomada em consciência, sem influências externas. Isto faz sentido. 60 euros são uma influência externa. Não me levem a mal, mas quem não concorda, tem mais dinheiro que senso.

Se eu tiver dinheiro suficiente, criar um filho é muito mais fácil. Isso dá-me uma perspectiva enviesada sobre a questão.... como não gosto do aborto, posso com facilidade começar a achar que o direito ao aborto deve ser limitado. Posso com facilidade começar a achar: ''se querem abortos paguem!''.


Isto é estúpido. Não estamos assim tão desesperados de dinheiro. Não devemos ver o aborto com julgamento moral, não devemos achar que as pessoas que o praticam precisam de castigo. Terem que abortar é castigo suficiente. Obrigar mulheres a andar aflitas a tentar arranjar dinheiro antes das 10 semanas não parece muito humano.

E sendo prático, não acho que a perspectiva futura de pagar 60 euros por um eventual aborto vá mudar o que quer que seja, nos comportamentos dos seres humanos, que 'na hora da verdade' se descuidam com os métodos contraceptivos. Não acho que pagar 60 euros vai ''moderar'' o acesso ao aborto. Ninguém vai pensar:'' epa, vou ter um filho, que é barato, porque senão vou ter que pagar 60 euros.'' Não. O que vai acontecer é um acesso mais difícil ao aborto para quem tem menos dinheiro.

Temos que ser mais espertos do que: ''descuidaste-te, paga!'', se queremos diminuir a gravidez não desejada, que é o verdadeiro problema aqui.

Portugal é um país católico, de mentalidade crime-castigo, mas isso não significa que tenhamos que ser precipitados e estúpidos.

Sendo claro, não gosto do aborto. Mas acho que quando acontece é sempre um menor de dois males. Acho que uma mulher só deve ser mãe se quiser. Para o bem dos filhos dela.

A sexualidade e a maternidade são, discutivelmente os impulsos mais fortes da humanidade. São a razões pela qual nos existimos, e poucas coisas são tão pessoais como a relação que temos com esses impulsos. No mínimo dos mínimos, vamos pôr esta discussão acima de questões económicas.

Justin Bieber a caminho de Ibiza! (acho que ele abortou lá!)


2 comentários:

  1. Mesmo que as pessoas não quisessem mudar as coisas pelas pessoas em causa, deveriam querer fazê-lo por si mesmas.
    A história não é simpática para com aqueles que se opõem às liberdades individuais.
    Não há filmes do Schindler a impedir as pessoas de votarem ou do Gandhi a recusar direitos civis a minorias étnicas!

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    1. Não gostavas de ver um filme de época do nicolau breyner a travar uma batalha legar contra a abolição da escravatura? e da pena de morte?

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