Pataniscas Satânicas

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quarta-feira, 29 de julho de 2015

O Gato de Güi

Acha que percebe alguma coisa de mecânica quântica? Eu também não, mas isso não me vai impedir de tentar explicar-lhe!

E para o fazer vou usar o meu gato, o Bob.
Porque descobri que o meu gato é quântico. O Bob é um ser multidimensional.

Era isto que faltava para finalmente poder responder a um desafio que me foi feito nos comentários de um post anterior, no qual me era pedido um texto sobre Mecânica Quântica. E quem sou eu para fugir a um desafio?


Ora portanto a Mecânica Quântica.

"A Mecânica Quântica tira o seu nome da observação que algumas quantidades físicas existem, mudam e interagem, apenas em quantidades discretas (em saltos certos) e que se comportam probabilísticamente e não determinísticamente.
Esses "saltos" são tão pequenos que são imperceptíveis mesmo ao microscópio e só podem ser descritos em termos de uma função de onda, em vez de partículas específicas a movimentarem-se.

Outros princípios fundamentais da mecânica quântica são a dualidade onda-partícula (as partículas quânticas comportam-se como uma onda e como uma partícula) o princípio de incerteza (medir um atributo, como a velocidade, pode fazer que outros atributos, como a posição, sejam menos mensuráveis), e a sobreposição e o estatuto de observador (uma função de onda sobrepõe múltiplos estados de coexistência com várias probabilidades, e a observação causa o colapso da função de onda num único estado específico) o que leva ao famoso exemplo do Gato de Shrödinger."


O que é que isto tudo significa?

Quando Niels Borh propõs o modelo atómico em 1913, imaginou um átomo como sendo composto por um núcleo de protões e neutrões, à volta dos quais orbitavam electrões. De acordo com este modelo os electrões seriam partículas que se moviam em posições específicas em órbitas perfeitas.

Notou que os electrões "saltavam" de órbita para órbita sem aparentemente passarem pelo meio.
Estavam numa órbita, faziam um PUFF e apareciam instantâneamente noutra.


Se isto vos parece estranho, é porque de facto este modelo já está ultrapassado, e já conseguimos perceber que não é assim que na realidade as coisas funcionam.
A realidade é ainda mais estranha! 

Em 1923 o físico Erwin Schrödinger propõe o modelo quântico do átomo de acordo com o qual os electrões não são simplesmente partículas com uma posição específica numa órbita, mas sim partículas-ondas que existem simultaneamente em várias dimensões e que a sua posição é meramente uma função de probabilidade.


Ou seja, um electrão nunca existe num único ponto no espaço, existe em todos simultâneamente, sendo que é mais provável encontrá-lo em alguns lugares do que noutros, numa espécie de nuvem de distribuição probabilística.

Dado que os electrões não se comportam como partículas simples mas também como ondas de probabilidade, é impossível determinar todos os seus atributos ao mesmo tempo porque o simples facto de o observar faz colapsar a nuvem de probabilidade e obriga o electrão a prender-se a apenas um dos seus estados, o que impossibilita saber tudo o que haveria para saber acerca dele.

Se se estão a sentir-se muito confusos e perdidos, podem ficar descansados porque essa é a reacção normal à exposição à mecânica quântica.

Não se preocupem, tudo fica melhor com gatos.



Um dos exemplos mais populares da mecânica quântica é O Gato de Schrödinger.

O Gato de Schrödinger pretende exemplificar com um objecto macroscópico fofinho o comportamento de uma partícula sub-atómica.

O Gato de Schrödinger está numa caixa fechada com veneno.
Só há duas hipóteses, ou o veneno se liberta, ou não. Na primeira, o gato morre, na segunda o gato está vivo.
Não sabemos enquanto não abrirmos a caixa. Enquanto não abrirmos a caixa, o gato está simultaneamente vivo e morto.

Quando abrirmos a caixa e observarmos, obrigamos o gato a decidir-se em que estado está, colapsamos a função de onda, e de todas as probabilidades possíveis, só pode restar uma.
Mas antes disso todas elas existem simultaneamente.


É assim que se comportam os electrões e as partículas sub-atómicas, as partículas quânticas.
Existem em todo o lado ao mesmo tempo, e em todo o tempo ao mesmo tempo.

Uma das melhores explicações para este fenómeno é de que as partículas quânticas são na realidade como se fossem cordas esticadas ao longo de várias dimensões, em vários momentos do tempo, e quando vamos lá observá-la obrigamos a corda a revelar-nos apenas o pedacinho de si que está na nossa dimensão e no nosso tempo naquele momento.

Para nós parece-nos que o electrão salta para dentro e para fora da existência, quando na realidade ele existe em todo o espaço e tempo simultâneamente, e nós só o vemos em determinados momentos.
Por muito bizarro que isto tudo possa parecer existem várias experiências que vêm provar mesmo estes conceitos mais rebuscados e excêntricos.

Apesar de Einstein ter famosamente dito que "Deus não joga aos dados" como forma de ridicularizar a mecânica quântica, a verdade é que existem inúmeras aplicações actuais da mesma.


Olhemos agora para o meu gato, o Bob

O meu gato é um sacana fofinho, e eu cheguei à conclusão que também é um ser multi-dimensional.
Ele salta para dentro e para fora da realidade quando eu não estou a olhar.

Naqueles momentos em que nem me lembro que tenho um gato, é porque nesse momento, nessa realidade, o gato de facto não existe. São momentos em que o gato não existe na minha dimensão.

Ou quando ando à procura dele durante 15 minutos e não o encontro em lado nenhum. Pirou-se para uma sala diferente com um sofá em tudo igual ao meu, mas ligeiramente diferente, numa dimensão diferente.

E depois aparece de repente a perseguir uma moeda. Ele persegue a moeda desvairadamente durante cerca de 30 minutos e depois salta outra vez para fora da realidade.
Eu imagino que ele já está a perseguir aquela mesma moeda há vários anos (séculos) ao longo de uma infinitude de dimensões, e que o Bob que eu vejo agora pode perfeitamente ser o mesmo Bob que eu vi há dois dias e que vou ver daqui a três semanas, e que continua a perseguir a mesma moeda.

O meu gato existe numa data de estados diferentes. Há o Bathroom Bob, quando ele se mete dentro da banheira a espreitar para nós por cima da borda, o Sleepy Bob, que é o Bob que vemos mais, e que se costuma seguir do Stretchy Bob. Há o Crazy Bob quando ele anda a correr desvairado pela casa em todas as direcções.

É meramente uma questão de probabilidade que Bob é que eu vejo, porque o Bob é simultâneamente todos estes Bobs. Ele existe simultâneamente em todos estes estados, ele É simultãneamente todos estes estados, é uma onda e não uma partícula.

Eu nunca consigo ver todos estes estados ao mesmo tempo. Há vezes em que sei que ele se está a mover, mas não sei em que dimensão está, porque nessas alturas não o vejo em lado nenhum.

Até eu ir à procura dele, ele existe sob todas estas formas, mas quando o encontro destruo esse estado de sobreposição de estados e obrigo a causalidade a mostrar-me apenas uma, que pode perfeitamente ser o Lounge Bob (este eu vejo muito).

O que isto implica é que existem um número incontável de Bobs a viajarem por um número incontável de dimensões, e em todas ele está-se a cagar para mim!

Olhem para ele, olhem! Desgraçado...

Little adorable motherfucker

5 comentários:

  1. epa, realmente nessa ultima foto, parece que percebe bem mais de mecânica quântica do que qualquer um de nós! Ou pelo menos relativizá-la. Que é o que nós andamos a tentar fazer há décadas!

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    1. De acordo com ele, o melhor da mecânica quântica é que se pod arranhar pela primeira vez o mesmo sofá em montes de dimensões diferentes

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  2. Bem, vou agora para casa. O meu gato esta com gastroenterite e ja sei o k vou encontrar no chao! Pelos teus comentario, antes de chegar a casa, tenho uma nuvem de merda a cobrir o meu soalho... Obrigado pelos esclarecimentos Pataniscas...

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    1. Vamos passar a ter uma rubrica ocasional sobre Relatividade Geral e Mecânica Quântica que, em honra do teu gato, chamar-se-á "Diarreias Quânticas"!

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