Por exemplo um dia lêem que um comboio de mercadorias tem em média 1500 a 2000 metros de comprimento (90 a 120 carruagens). Quando se está a mover a 85km/h pode precisar de mais de 1,5km para parar depois de os travões de emergência serem activados.
Depois no dia a seguir, sem sequer estarem à procura, voltam a encontrar outra menção a carruagens de mercadorias. E na semana a seguir aparece uma notícia sobre carruagens de mercadorias que demoram muito tempo a parar.
Depois na televisão há um documentário sobre comboios no Oeste Americano.
Acontece tanto que notam que está a acontecer!
É frequente o suficiente para chamar à atenção, fazer-vos parar e pensar "Que estranho! Ainda no outro dia vi outra notícia sobre comboios! Este é o quarto... quinto facto relativo a comboios que eu vejo só neste mês! Parece que os comboios me perseguem".
O Fenómeno de Baader-Meinhoff define-se como a sensação subjectiva de que uma palavra, um nome, ou outra coisa que nos chamou a atenção recentemente, subitamente parece começar a surgir com uma frequência improvável.
A maioria das pessoas já o sentiu.
Na realidade esse dado específico, seja o comprimento médio de comboios de mercadorias, que a primeira câmara digital surgiu em 1975 ou que o nome Lego vem da frase em dinamarquês "leg godt" que significa "brinca bem", não estão de facto a aparecer com mais frequência.
Na realidade essa sensação é criada por um viés cognitivo. Um artefacto da nossa consciência. Uma inevitabilidade decorrente da maneira como a nossa consciência está organizada.
É uma Ilusão de Frequência.
Mas parece tão real! Não parece nada uma ilusão!
Isso é porque é um viés da nossa cognição. Não temos nenhuma maneira de entender o mundo a não ser através das ferramentas cognitivas que temos.
Se essas ferramentas tiverem pequenas distorções, toda a nossa consciência vai ter o reflexo dessas distorções. Não as vamos ver porque já fazem parte da maneira como a consciênca está construída.
Por isso o Fenómeno de Baader-Meinhof parece tão real.
Curiosamente o nome Baader-Meinhoff não tem nada a ver originalmente com vieses cognitivos.
O nome refere-se ao Grupo Baader-Meinhoff, um grupo terrorista de extrema-esquerda na Alemanha Ocidental nos anos '70, fundado por Andreas Baader e Ulrike Meinhoff, que viria a chamar-se Fracção do Exército Vermelho (Rote Armee Fraktion).
Portanto o nome provavelmente veio de alguém que aprendeu acerca do Grupo Baader-Meinhoff e depois durante as semanas seguintes só via referências ao Grupo por todo o lado.
Portanto o nome do fenómeno é em si mesmo um exemplo do próprio fenómeno.
Podem fazer o seguinte exercício:
Vão ao Google, e escrevam lá "I'm feeling curious".
Eu espero.
Já está? Que facto é que vos apareceu?
Agora lembrem-se desse facto, e durante as próximas semanas reparem se não vêm referências a esse facto a aparecer por todo o lado.
À medida que aparecem, podem ir tomando nota deles e depois verem o que é que os une a todos. De que maneira é que conseguem juntar todos numa única linha de raciocínio mais ou menos coerente.
Que ideia é que existe subjacente a todos esses exemplos que vos apareceram?
Dessa maneira conseguem unir os Jetsons, o 2001, o Fallout e o Blade Runner.
Ou pedras, pirâmides, agricultura, arranha-céus e a crise económica.
Ou ainda macacos, pizzas, nabos, ferramentas, agricultura e desenvolvimento tecnológico.
Ou quem sabe teoria do caos, clima, pirâmides, religião, arquitectura, filmes e o woody allen.
Ou, até, almas, neurónios, átomos, estrelas e o universo.
E é assim que se escreve um artigo das Pataniscas Satânicas!
O processo pelo qual as pataniscas satanicas fritam, e ficam com o aspecto panado e apetitoso a pessoas com curiosidade crónica!
ResponderEliminarTesouros de fazer inveja ao capitão Iglo.
Step right up, step right up!...
Pataniscas quentinhas, com um recheio de trivia e sarcasmo, acompanhadas de cultura pop.
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