Pataniscas Satânicas

Pataniscas Satânicas

terça-feira, 29 de setembro de 2015

O Monge Louco - Parte II

Bem vindos à Parte II de O Monge Louco.

Grigori Rasputin, 1916
Na Parte I vimos como Grigori Rasputin, um sacerdote rural siberiano, subiu na escada social russa ao ponto de se infiltrar no seio da família Romanov, uma das mais antigas e poderosas dinastias reais da Europa.
O herdeiro da coroa, o Príncipe Alexei Romanov, sofria de Hemofilia, uma doença genética que lhe tinha sido passada através da mãe, a Tsaritsa Alexandra Feodorovna. A doença debilitante punha em risco a vida da criança, que frequentemente tinha crises extremamente dolorosas.

A sua mãe, desesperada, recorre a Rasputin, que por essa altura tinha ganho a reputação de Homem Santo capaz de curar pelo poder da Fé.
Inexplicavelmente, Rasputin consegue o que nenhum médico até então tinha conseguido fazer, e alivia as crises de febre e dor que frequentemente atormentavam o pequeno Alexei.

Ilustração Religiosa representando Rasputin e Alexei
Alexandra torna-se completamente dependente de Rasputin, vendo-o como salvador do filho, e recorre ao sacerdote para a aconselhar tanto em termos espirituais como de estado.

Esta proximidade, criticada por muitos, e por muitos motivos, não é alheia ao seu marido, o Tsar Nicholas Romanov II, Imperador Autocrata de toda a Rússia, que apesar de todo o seu poder, não consegue afastar Rasputin.

Rasputin e o casal Romanov, caricatura anónima de 1916
Em Outubro de 1912 os Romanov estavam de visita à Polónia, e longe de tudo. Durante uma viagem de carruagem atribulada, Alexei tem a sua pior crise de sempre, desenvolvendo uma violenta hemorragia na virilha esquerda.
A criança fica tão mal, a sua família convence-se tanto de que vai morrer, que lhe é feita a última unção, e são prestados os ritos fúnebres Ortodoxos.

Alexandra consegue enviar uma mensagem a Rasputin por intermédio de uma criada a pedir ajuda.
No dia seguinte Rasputin respondeu, enviando um telegrama com a mensagem profética:

"O pequeno não morrerá. Não permita que os médicos o incomodem demasiado."

No dia seguinte a febre baixou, e a tumefacção na virilha diminuiu.

Depois disto, Nicholas não tinha maneira de se livrar de Rasputin.
Pierre Gilliard, tutor das crianças, escreveu "Ele não gostava de enviar Rasputin embora, pois se Alexei morresse, aos olhos da sua mãe, ele teria sido o assassino do próprio filho."

Tsar Nicholas II
Entretanto a Primeira Guerra Mundial tinha estourado violentamente, o envolvimento das tropas russas na Frente Leste estava a ser particularmente desastroso.

O povo Russo punha as culpas do fracasso em "Forças Negras" ou em influências estrangeiras e espiões alemães. O sentimento anti-alemão era tão grande que o nome da cidade San Peterburg foi mudado para Petrograd
O público exigia que a Tsaritsa, que tinha raízes alemãs, fosse fechada num convento.

O poder e influência de Rasputin crescem de tal maneira que ele e Alexandra conseguem convencer Nicholas a abandonar a capital e ir comandar as tropas na Frente Leste, com o argumento que isso iria unificar a liderança e melhorar a moral das tropas.

Apesar de membros da família, conselheiros reais, generais, todos lhe recomendarem que não fosse, e apesar de não ter nenhuma experiência de comando militar, o Tsar Nicholas II parte para a Frente Leste em Agosto de 1915, deixando a Tsaritsa Alexandra a governar em seu lugar.

Tsaritsa Alexandra Feodorovna, 1916
Alexandra recorria a Rasputin para a aconselhar, e seguia as suas recomendações egoístas. A influência de Rasputin sobre a Tsaritsa tornou-se tão grande que era ele quem ordenava os destinos da Rússia Imperial, enquanto ela convencia o seu marido a cumpri-los.
Pierre Gilliard escreveu "os desejos dela eram interpretados por Rasputin, e pareciam aos olhos dela terem a sanção e autoridade de uma revelação".

A relação entre os dois era largamente, se bem que falsamente, publicitada como sendo de natureza sexual.
Cartoon Político de 1917 a ilustrar a influência de Rasputin sobre a Tsaritsa
Tudo isto porque Rasputin tinha o poder, aparentemente milagroso, de curar o pequeno Alexei das suas crises de Hemofilia.

Qual era, afinal, o segredo do poder de Rasputin?

Em 1897 cientistas a trabalharem na empresa farmacêutica Bayer tinham conseguido obter uma versão sintética do Ácido Salicílico, uma substância retirada da Casca de Salgueiro, conhecida desde a antiguidade como capaz de reduzir febres e dores.

Esta nova substância, o Ácido Acetilsalicílico, foi comercializado com o nome de Aspirina, e em 1899 a Bayer estava a vendê-lo pelo mundo todo.


Sempre que Alexei Romanov tinha mais uma das suas crises de Hemofilia, sofrendo de febre e dores horríveis, os médicos russos tratavam-no com Aspirina.

Na altura, devido ao desconhecimento científico tanto da Hemofilia como de todos os efeitos secundários da Aspirina, não era bem conhecido o seu efeito anti-coagulante.

A Aspirina agravava a Hemofilia de Alexei, prolongando as hemorragias e atrasando a recuperação das crises.

Quando Rasputin era chamado, mandava embora os médicos, e impedia que Alexei tomasse medicamentos, incluindo a Aspirina, o que levava à sua melhoria rápida e aparentemente milagrosa.


A influência de Rasputin é tão grande, que no fim de 1915, Alexandra e Rasputin estão a aconselhar o Tsar no que tocava a estratégias militares à volta de Riga, onde o exército alemão estava estacionado.

O ódio generalizado dirigido tanto pela população como pela classe política contra Rasputin e Alexandra enfraqueceriam irreparavelmente a imagem e poder da Família Imperial Romanov.

Na madrugada de Sábado, 17 de Dezembro de 1916, o Grande Duque Dmitri Pavlovich, membro da Família Real e primo de Nicholas II, Feliz Yusopov, aristocrata, e Vladimir Purishkevich, político ultra-nacionalista anti-bolchevique, assassinam Rasputin.


Yusopov convida Rasputin a uma festa na sua casa, e fica a fazer-lhe companhia enquanto os seus co-conspiradores esperam no andar de cima.

Yusopov serve a Rasputin vinho e bolos envenenados com cianeto.
Passada uma hora Rasputin está bêbado, mas aparentemente não afectado pelo cianeto.

Sem saber o que fazer, Yusopov inventa uma desculpa e sobe ao andar de cima, regressando com o revólver de Dmitri.
Dispara sobre Rasputin várias vezes, que cai redondo no chão.

Reprodução da cave em que Yusopov disparou sobre Rasputin
Os conspiradores reúnem-se de novo no andar de cima para celebrar e decidir o que fazer com o corpo.

Quando descem com um tapete para embrulhar o corpo, Rasputin não está onde o deixaram.
Em pânico, os assassinos notam a porta da rua aberta e descobrem Rasputin a fugir pela neve, noite dentro.

Purishkevich dispara sobre Rasputin de novo, que volta a cair na neve. 
Enquanto está a ser embrulhado, 20 minutos depois, o corpo estremece e os assassinos dão-lhe mais um tiro na cabeça.

O corpo é atirado ao Rio Malaya Nevka. De acordo com o mito, quando o corpo é autopsiado é encontrada água nos pulmões, indicando que Rasputin não teria morrido nem do cianeto, nem dos primeiros tiros, nem dos segundos, nem da bala na cabeça, mas ter-se-ia afogado.

Corpo de Rasputin

Em 1917, dois meses depois da morte de Rasputin, dá-se a Revolução de Fevereiro em Petrograd que resulta na implementação de um governo democraticamente eleito. 
O Tsar Nicholas II é obrigado a abdicar, marcando o fim não só do domínio da Dinastia Romanov, mas também o fim do Império Russo.

A família real Romanov é presa e exilada para Tobolsk na Sibéria. Meses depois o governo democrático é derrubado pelos Bolcheviques e em Abril de 1918 os Romanov são movidos mais uma vez para Yekaterinburg.

Na noite de 17 de Julho de 1918, sob ordens Bolcheviques, toda a família Romanov é assassinada a tiros de metralhadora, numa cave.

Cave onde os Romanov foram assassinados

Em 1981 a família Romanov foi canonizada como Santa pela Igreja Ortodoxa Russa.

Desde 1990 foram já feitas várias tentativas sérias de canonizar Grigori Rasputin.
Foram todas rejeitadas.

A Família Romanov, como Santos da Igreja Ortodoxa

E agora para finalizar temos o grupo musical de disco-pop, Boney M a interpretarem a canção tema deste post!

Uma salva de palmas para eles! 

2 comentários:

  1. Epa, acho mal que o ra, rasputin não seja canonizado. Mas a maneira como ele viu a actividade anti plaquetária da aspirina, enquanto estava bêbado, devia candidata-lo a um nobel póstumo!

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    1. Por outro lado, quantos Nóbeis têm genitais tão épicos que estão guardados num museu, para impressionar todas as gerações vindouras? E no fim, o que é que importa mais?

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