Pataniscas Satânicas

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sábado, 12 de setembro de 2015

Peidos Históricos

Já falei do poder da narrativa e dos tropes, esses memes/ferramentas de escrita que perpassam tudo o que tenha uma estrutura narrativa.

Andamos a contar histórias uns aos outros desde que sabemos falar mal.

Apesar de ser impossível saber ao certo sobre o que eram essas histórias primordiais, não devemos andar muito longe da verdade se pensarmos que eram sobre coisas que importavam aos nossos antepassados caçadores -recolectores: quem é que tinha caçado o maior bisonte, os encontros imediatos com tigres dente de sabre, os conflitos com outras tribos, histórias sobre as estrelas, sobre os deuses, etc.

Basta olhar para as pinturas que fazíamos nas paredes das cavernas, antes de sequer aprendermos a escrever.




Há até teorias recentes de acordo com as quais aquilo que parecem ser pernas a mais em alguns desenhos eram na realidade postas lá propositadamente para que, com a luz incerta da fogueira, dessem a impressão de movimento



A certeza que podemos ter acerca do facto de que as nossas histórias primordiais provavelmente eram desta natureza é que quando aprendemos a escrever e começamos a escrever essas mesmas histórias, estas já eram narrativas extremamente complexas.

Uma das obras literárias mais antigas é o poema o Épico de Gilgamesh.

O Épico de Gilgamesh foi escrito na Mesopotâmia, a região entre o Tigre e o Eufrates, correspondendo vagamente ao Iraque, Síria e Kuwait, incluindo regiões ao longo da Turquia e Irão.
Foi o berço da civilização, tendo incluído os impérios da Suméria, Acádia, Babilónia e Assíria, e foi conquistada por Alexandre o Grande em 332 antes de Cristo.

O Épico de Gilgamesh, escrito em 2100 antes de Cristo, é a história de um Rei, cheia de sexo, violência, roubo, desafio, angústia e retribuição divina. É o primeiro filme de amigalhaços, a primeira representação literária de um submundo, e o precursor à história da Arca de Noé.



Portanto quando há 4100 anos se escreviam coisas destas, já quase tão complexas como o melhor que se faz actualmente, não tinham sido inventadas há pouco tempo. Este tipo de narrativas já andavam a crescer e a evoluir desde há centenas de anos.

Existem tropes que são mais velhos do que cuspir na sopa, mais velhos do que a própria escrita, como evidenciado pelo facto de que quando se começa a escrever, eles já aparecem perfeitamente desenvolvidos.

Outra coisa que também já fazemos há muito tempo é contar piadas.

E poderiam pensar que, à semelhança do texto literário mais antigo do mundo, cheio de aventura épica, a primeira piada do mundo fosse igualmente elevada.

Não.

Escrita Suméria
A piada mais antiga do mundo, escrita pelos Sumérios (os tipos que inventaram a escrita) há 3900 anos, foi a seguinte:

"Coisa que nunca aconteceu desde tempos imemoriais: uma jovem mulher não se peidou no colo do seu marido"

Ou seja, é uma piada sobre o facto de as mulheres se peidarem quando estão no colo do marido.

Ou seja, a piada mais antiga do mundo é uma piada de peidos.


Há qualquer coisa de reconfortante no facto de as pessoas há tanto tanto tempo rirem-se basicamente das mesmas coisas de que nos rimos hoje.

Pessoas que, para a maioria dos outros aspectos práticos e culturais, estão tão longe de nós que mais valia serem alienígenas, apesar de tudo ainda eram dolorosamente semelhantes a nós.

Diz-nos o quanto não mudámos durante este tempo todo.

Deixo-vos com uma lista de piadas sobre peidos.

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