Pataniscas Satânicas

Pataniscas Satânicas

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

The Dark Side of the Rainbow

Porque é que a face da lua nos é tão familiar?
(Banda sonora sugerida para ouvir enquanto se lê o post)


É sempre a mesma... Mais ou menos iluminada, tem sempre os mesmos acidentes geográficos virados para nós. A testa escura em cima. Aquela cicatriz ao pé do queixo que parece uma borbulha espremida por um adolescente teimoso.

Se já pensaram que a Lua parece que tem uma cara, não estão sozinhos. Durante a História, muita gente afirmou que conseguia ver um ''homem da lua'', que teria estes pontos de referência:


Eu sei, parece que foi desenhado por uma criança de 5 anos. O facto é que o homem da Lua, não é mais do que uma pareidolia, resultado de, durante séculos, a humanidade não dispor de iluminação artificial, nem de programação em horário nobre. Querem ver o 'homem do relógio'?


Este ''homem da lua'' sempre nos estimulou a imaginação. O suficiente para, nas nossas fantasias, o alvejarmos no olho, numa tentativa de viajar até lá.


O filme é de 1902... mais de um século depois, continuamos a fantasiar com o homem da lua.


Não sei justificar isto. Mas um facto curioso, é que na Inglaterra da idade média, acreditava-se que o homem da lua era um bêbado. Talvez porque só os bêbados o conseguiam ver...

''Our man in the moon drinks clarret,
With powder-beef, turnep, and carret.
If he doth so, why should not you

Drink until the sky looks blew?''    

Ok, isto é tudo muito giro. Mas porque é que a Lua tem sempre o mesmo aspecto? Não roda sobre si mesma? Não devíamos ver a Lua de outros ângulos? Não. Porque a Lua está em 'rotação síncrona' com a Terra.


Como se pode ver na imagem da esquerda, a Lua tem um movimento de rotação completo, no mesmo tempo em que dá uma volta completa à Terra. Isto faz com que tenha sempre o mesmo lado virado para cá. Ao contrário do que se vê na imagem da direita.

Mas porque é que isto acontece?

Bem, a resposta a esta pergunta é um ovo de Colombo. Literalmente.

A gravidade da Terra é forte o suficiente para deformar a Lua numa forma discretamente ovóide. E isto faz com que a protuberância mais ''gorda'' da Lua, fique eternamente virada para a Terra.


O 'lado negro da Lua', não é verdadeiramente escuro. É tão iluminado como o que conhecemos. Mas nunca estará virado para a Terra. Nunca vamos ver a ''nuca'' da lua. É ''escuro'', no sentido que não o conhecemos.

O 'lado negro da Lua', ou o outro lado da Lua, tem este aspecto:


Engraçado, não é? Especialmente porque esta não é uma foto da Lua. É uma foto de Caronte, a Lua de Plutão. O facto de vocês não terem reparado imediatamente nisso, diz muito sobre a nossa falta de familiaridade com o outro lado da Lua, que na realidade, tem este aspecto:


Estranho. É uma foto de um astro que podemos ver quase todos os dias, e no entanto, não podia ser menos familiar. Uma coisa que esteve sempre lá. Não conseguimos ver uma cara aqui, tínhamos que beber umas cervejas, por isso, acho que esta é uma foto da nuca da Lua.

Mas o lado negro da lua tem fotografias mais reconhecíveis:


''And if the cloud bursts thunder in your ear 
You shout and no one seems to hear.
And if the band you're in starts playing different tunes,
 I'll see you on the dark side of the moon.''

Eu sei que é cliché dizer isto, mas este álbum é genial. Não consigo dizer isto vezes suficientes.

Se seguiram a minha sugestão musical no início do post devem ter percebido que a música é sobre doença mental. Inspirada no que aconteceu a Syd Barrett, o primeiro vocalista dos Pink Floyd, e provavelmente esquizofrénico. O que talvez não saibam é que no ''Wish you were here'', a música ''Shine on you crazy diamond'', é dedicada a ele.
E foi ele que deu o nome Pink Floyd à banda.


Querem saber uma coisa estranha sobre o Dark Side of the moon?

Se ouvirem o álbum enquanto vêm o ''Feiticeiro de Oz'' sem som, não podem deixar de reparar que há muitas coincidências temáticas. Desde a capa do álbum, com o prisma a decompor a luz a simbolizar a passagem do filme a preto e branco no Kansas, para as cores da terra de Oz, passando pelas transições entre músicas corresponderem a transições entre cenas no filme. As mudanças de ritmo correspondem a transições com personagens a dançar, entre outras coisas.

Para ver o efeito completo é preciso fazer a experiência . Mas aqui vai uma amostra:


O filme e o álbum não estão relacionados de maneira nenhuma. Mas as coincidências são mesmo muitas.

O Dark Side of The Moon e o Feiticeiro de Oz estão para nós, como o homem da lua estava para os Ingleses da idade média. É outra pareidolia.

Muita coisa mudou desde a idade média.

Mas continuamos seres humanos à procura de padrões no caos.

3 comentários:

  1. Toda a astrologia é uma treta. Qualquer efeito atribuído à posição de constelações no céu é puramente coincidente e resultado de vieses de confirmação e pseudo-ciência.

    Mas a Lua?

    A Lua tem massa suficiente para mexer os oceanos da Terra com a sua gravidade, para despoletar ciclos reprodutivos em corais.
    Tem efeitos mensuráveis na vida na terra.

    Só para chatear a menstruação não tem relação nenhuma com os ciclos lunares, porque era com isso que eu queria acabar este comentário.

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    1. A lua pode não provocar menstruações, mas gosto da ideia que a lua não é um queijo, mas sim um ovo. Desde que seja alguma coisa que eu encontre na prateleira do meu frigorífico...

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    2. The moon as the formal beauty of round shapes.

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